Dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) referente ao ano de 2022, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que três em cada quatro brasileiros trabalham uma carga semanal de 40 horas ou mais. Apesar de a média nacional ser de 39,2 horas por semana, 32% – quase um terço dos brasileiros – ultrapassam as 44 horas máximas estabelecidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Esse cenário reflete uma realidade desigual no mercado de trabalho, segundo a economista Lúcia Garcia, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). “A média não reflete a distribuição de jornada”, aponta.
O Brasil faz parte de um grupo de países com cargas de trabalho consideradas altas, em comparação ao cenário global. Enquanto os trabalhadores brasileiros enfrentam uma carga semanal média de 39,2 horas, países como Alemanha e França possuem médias de 34 e 35 horas.
O PNAD trimestral de 2024 revelou variações significativas na carga horária quando analisados fatores como sexo, idade, raça e escolaridade:
- Sexo: Homens trabalham, em média, 41 horas semanais, enquanto mulheres tem uma média de 36,9 horas
- Idade: Trabalhadores entre 25 e 39 possuem maior carga horária, sendo 40,2 horas
- Raça: Brancos trabalham 39,8 horas enquanto negros e pardos tem jornadas médias de 39,2 e 38,7 horas
- Escolaridade: Pessoas que possuem o ensino médio completo possuem a maior média de carga horária, sendo 40,3 horas semanais
Com a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Redução da Jornada, de autoria da deputada Erica Hilton (PSOL-SP), o debate sobre o equilíbrio entre trabalho e qualidade de vida ganhou força, sobretudo nas redes sociais. Garcia acredita que a medida seria um passo importante em direção a jornadas de trabalho mais justas.
“Sabemos que há, no Brasil, um grande potencial. Houve elevação da riqueza nacional, mas, ao mesmo tempo, a renda não se eleva e a jornada se estende. Então, há espaço para se chegar a um termo razoável, que permita manter salários e reduzir jornada”, aponta a economista.
Com informações de reportagem de Carlos Madeiro no UOL
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