Durante evento paralelo da 113ª Conferência Internacional do Trabalho da OIT, promovido pela Contraf, Contec, Consif e Ministério do Trabalho, o presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e do Sindpd-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo), Antonio Neto, destacou a importância de os sindicatos irem além da fiscalização e se tornarem protagonistas na construção de ambientes de trabalho mais inclusivos, igualitários e diversos. (Confira a fala na íntegra no final da matéria)
Representando a categoria de tecnologia da informação, Neto apresentou as ações desenvolvidas pelo Sindpd, que atua com soluções práticas em parceria com empresas do setor, rompendo com uma lógica puramente reativa.
“No Sindpd, aprendemos que não basta fiscalizar o cumprimento da Lei de Cotas. É preciso atuar como parceiro estratégico das empresas”, afirmou Neto. Ele citou como exemplo a campanha ‘Empresa Legal, Inclusão Real’, que denunciou o descumprimento da cota legal para pessoas com deficiência em mais da metade das empresas de TI de São Paulo e, ao mesmo tempo, apresentou soluções concretas, como um banco de vagas exclusivo para PCDs, formações para lideranças e parcerias inclusivas de contratação.
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Entre outras ações citadas, o presidente da CSB ressaltou os acordos coletivos com cláusulas de inclusão, como o auxílio financeiro para trabalhadores com filhos com deficiência, e as iniciativas de combate ao assédio e à desigualdade de gênero, como o “Techday – Mulher, teu lugar é na TI”, realizado no Dia Internacional da Mulher.
A fala também destacou a plataforma Sindplay, com cursos gratuitos de formação voltados à diversidade, como “Feminismo é para todo mundo”. Neto celebrou ainda a eleição de uma chapa com quase 50% de mulheres na direção do Sindpd, em um setor onde elas representam apenas 26% do total da força de trabalho no núcleo da categoria.
“A construção de ambientes diversos não é incompatível com produtividade. Ao contrário: fortalece a inovação, melhora o clima organizacional e eleva o nível de justiça no mundo do trabalho”, concluiu.
Ministro Luiz Marinho reforça papel do diálogo social e do combate às desigualdades
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, saudou a atuação dos sindicatos e reiterou a importância do diálogo social como ferramenta para enfrentar os desafios do mundo do trabalho, sobretudo diante das mudanças climáticas e da desigualdade estrutural.
Marinho lembrou que o governo federal tem atuado com firmeza diante de catástrofes climáticas recentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul, com o repasse de R$ 3,8 bilhões do FAT aos trabalhadores atingidos, além de outros R$ 100 bilhões mobilizados para reconstrução e amparo social.
O ministro também reforçou o compromisso do Brasil com a igualdade salarial entre homens e mulheres, anunciando que o país assumirá em 2025 a presidência da Coligação Internacional pela Igualdade Salarial (EPIC).
“O diálogo é a ferramenta mais poderosa para a construção de soluções sustentáveis, com direitos trabalhistas e justiça social”, disse Marinho.
O evento contou ainda com a presença do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Aloysio Corrêa da Veiga; representantes da Procuradoria-Geral do Trabalho através do Procurador Geral, Dr. José de Lima Ramos Pereira; Ricardo Patah, presidente da UGT; Lourenço Prado, presidente da CONTEC; Juvândia Moreira Leita, da CONTRAF-CUT e Adauto Duarte da CONSIF, fortalecendo o caráter tripartite e plural do encontro.
Confira a fala do presidente Antonio Neto na íntegra:
“Bom dia a todas e todos,
Saúdo a Contraf, a Contec, a Consif e o Ministério do Trabalho pela realização deste diálogo social.
É uma honra estar neste espaço em nome da CSB e do Sindpd-SP, o Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo, para compartilhar a experiência de um movimento sindical que escolheu ir além do comum e passou a construir, junto com as empresas, ambientes de trabalho verdadeiramente mais inclusivos e equânimes.
No Sindpd, aprendemos que não basta fiscalizar o cumprimento da Lei de Cotas para pessoas com deficiência. É preciso atuar como parceiro estratégico das empresas, contribuindo com soluções práticas, com espaços de formação.
Foi com esse espírito que lançamos a campanha ‘Empresa Legal, Inclusão Real’, que uniu denúncia e proposta. Denúncia porque mais da metade das empresas de TI em São Paulo descumpriam a cota legal. E proposta porque criamos, junto com as companhias, um banco de vagas exclusivo para PCDs, parcerias de contratação inclusiva e formações específicas para lideranças e equipes.
Além disso, o Sindpd atua por meio de acordos coletivos com cláusulas inclusivas, como o auxílio financeiro para trabalhadores com filhos com deficiência — um direito negociado que reconhece as desigualdades reais e promove justiça social no ambiente de trabalho.
E não paramos por aí. Na luta por igualdade de gênero, promovemos agora em março a Maratona 8 de Março, com eventos em parceria com empresas, formações em larga escala e o seminário ‘TechDay – Mulher, teu lugar é na TI’, com mulheres do setor compartilhando suas trajetórias além de falar dentro das empresas sobre saúde mental, jornadas múltiplas e a necessidade de construirmos um ambiente sem assédio.
Também investimos em educação com foco em diversidade. Por meio da plataforma Sindplay, que oferece cursos gratuitos para trabalhadores, desenvolvemos formações como “Feminismo é para todo mundo”, buscando ampliar a consciência crítica e preparar os trabalhadores para uma atuação inclusiva no dia a dia.
Na última eleição do Sindpd, conseguimos alcançar uma participação de quase 50% dos membros da chapa composta por mulheres, profissionais de TI. Em uma categoria que ainda conta com apenas 26% de mulheres nas posições do core da categoria.
Essas experiências mostram que os sindicatos podem e devem ser agentes ativos de transformação. E que a construção de ambientes de trabalho diversos e inclusivos não é incompatível com a produtividade — ao contrário, ela fortalece a inovação, melhora o clima organizacional e eleva o nível de justiça no mundo do trabalho.
Mais do que cobrar, fiscalizar, precisamos e devemos estar dispostos a construir um ambiente mais inclusivo, equânime e diverso.
O movimento sindical deve atuar em cooperação com empregadores, com o Estado e com a sociedade civil, para que o mundo do trabalho seja de fato para todos.
Muito obrigado.”