As centrais sindicais defenderam um combate mais efetivo às desigualdades durante a 3ª reunião plenária do Conselhão – o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) – realizada nesta quinta-feira (27) no Palácio do Planalto.
Antes de falar, o presidente Lula e seus ministros ouviram os pronunciamentos dos conselheiros selecionados para apresentar suas análises na 3ª plenária. O coordenador do Fórum das Centrais Sindicais, Clemente Ganz, falou em nome das entidades. O presidente da CSB, Antonio Neto, também é conselheiro e participou da reunião.
Ganz falou que a primeira grande tarefa do governo e dos conselheiros é reverter a forma como os bons resultados têm sido retratados no debate público. Ele apontou que toda boa notícia, como queda do desemprego e aumento na arrecadação, vem acompanhada de um “mas”, fazendo o prenúncio de uma crise econômica que não se observa na realidade.
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O coordenador destacou que o principal ponto em que há espaço para fazer melhorias é no combate às desigualdades, investindo em uma governança que amplie a capacidade do Estado brasileiro de promover a justiça social.
“Esse conselho considera [a desigualdade] como uma das mais graves mazelas da nossa sociedade e um dos impedimentos estruturais para o país alçar ao padrão de desenvolvimento que nós queremos. Portanto, nós estamos indicando que não só a comissão temática que trata da questão da desigualdade continue produzindo, como pretendemos mobilizar todo o conselho para tratar dessa questão”, afirmou.
As centrais também criticaram o predomínio no debate sobre uma urgência de se fazer o chamado ajuste fiscal. Para as entidades, os ajustes devem ser assentados nos princípios da Constituição.
“É fundamental que nós recoloquemos esse debate sobre o princípio do equilíbrio fiscal, que é fundamental, assentado naquilo que a Constituição de 88 define como projeto socioeconômico para o país, com o processo de valorização do investimento na nova indústria, com fortalecimento dos setores produtivos, com o crescimento da economia, com a geração de emprego de qualidade, com o crescimento dos salários, com a redução da pobreza, com o combate das desigualdades”, disse.
Assista ao posicionamento das centrais sindicais e a plenária na íntegra aqui.
Por fim, as centrais reafirmaram a necessidade de enfrentar os juros altos, que castiga o setor produtivo, aumenta os gastos do governo com a dívida e beneficia apenas um setor minoritário da sociedade.
“Temos que enfrentar o problema do juro do crédito. Só para dar um exemplo de qual é o problema que nós temos: se nós tivéssemos um rentista que chegasse no Brasil hoje e investisse R$ 1 com as taxas de juro que nós aplicamos nos últimos cinco anos no Brasil, esse rentista dobraria o seu patrimônio em 11 anos. Se esse mesmo rentista fosse aos Estados Unidos e aplicasse esse mesmo real, ele demoraria 173 anos para dobrar o seu patrimônio. Essa é a diferença de por que esse país não sai da estagnação do ponto de vista do investimento. Não há atividade produtiva competitiva com essa taxa de extorsão da riqueza pró-rentismo”, argumentou.
Foto 1: Ricardo Stuckert/PR