A 113ª edição da Conferência Internacional do Trabalho (CIT) teve sua abertura nesta segunda-feira (2) com um apelo para que governos, empresas e trabalhadores enfrentem os desafios globais que afetam os trabalhadores com determinação. Eleito presidente da Conferência, Edgard Moyo, ministro do Serviço Público, Trabalho e Bem-Estar Social do Zimbábue e ex-líder sindical da Zimbabwe Teachers’ Association (ZIMTA), convocou os delegados a serem resolutivos e a garantirem que as decisões tomadas tenham impactos reais no mundo do trabalho.
A abertura também consagrou Juan Castillo (Uruguai) como vice-presidente representando os governos, Hamidou Diop (Senegal) pelos empregadores e Hédia Arfaoui (Tunísia) pelos trabalhadores.
O diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo, foi incisivo em seu discurso. Ele alertou que o mundo enfrenta um momento crítico, marcado por desaceleração econômica, ameaças ao emprego e pelo avanço avassalador da inteligência artificial, que está substituindo atividades humanas repetitivas. “Estamos num período de turbulência e incerteza para as instituições multilaterais”, alertou, lembrando que a OIT é única com seu histórico de diálogo social e adaptabilidade, mas precisa estar pronta às mudanças.
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“Emprego não é um efeito passivo do crescimento econômico. Tem que ser um efeito ativo do crescimento econômico”, afirmou. Ele também cumprimentou o pioneirismo da comissão que discute os direitos de trabalhadores em plataformas digitais.
A líder da bancada dos trabalhadores, Catelene Passchier, denunciou o aumento do poder econômico e social das empresas, o avanço da tecnologia sem contrapartidas para os trabalhadores e o aumento de assassinatos de sindicalistas. Ela defendeu políticas de equidade de gênero, a proteção à liberdade sindical e o direito à negociação coletiva. “Trabalho não é mercadoria. Ele exige direitos e proteção”, pontuou.
Passchier fez um veemente chamado à solidariedade aos trabalhadores de Mianmar e da Palestina, denunciando as situações dramáticas e desumanas nas quais vivem.
A abertura da Conferência apontou o debate de temas cruciais como trabalho decente na economia de plataformas, proteção contra perigos biológicos, combate à informalidade, e reforçou a luta por um mundo do trabalho mais justo, inclusivo e sustentável como Norte do evento organizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Uma comitiva da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), liderada pelo presidente Antonio Neto, está participando da conferência. Integram a comitiva da CSB: Sérgio Arnoud, Aelson Guaita, Vitor Imafuku, Clovis Renato, Érica Regina Albuquerque e Ana Paula Guedes.