Depois de a carteira verde amarela e a MP 1.045 terem sido derrotadas pela pressão, resistência
e luta do movimento sindical, o governo Bolsonaro tenta mais uma vez implementar uma nova
reforma trabalhista, sob o manto parlamentar. Trata-se, mais uma vez da obsessão política de uma
perigosa elite financeira de extinguir qualquer amparo e proteção ao trabalhador.
Essa elite nem sequer disfarça sua falta de argumentos para tal investida. Agora, por meio de seus
porta-vozes no governo, defende que a “flexibilização trabalhista resolveria o problema do alto
desemprego e melhoraria as condições para os informais”. É mais uma manobra que insiste em
aprofundar a reforma de Michel Temer. Uma reforma que conduziu o Brasil à crise que eles
mentirosamente dizem tentar resolver: aumento recorde do desemprego e da miséria.
Nos anos anteriores à reforma de 2017 o Brasil estava no caminho do crescimento. Estávamos na
lista dos países mais industrializados, o desemprego era baixo, pouco a pouco a desigualdade
diminuía e o povo brasileiro vivia a amplamente noticiada ascensão da Classe C, com maior acesso
a bens e serviços. Tudo sob plena vigência da CLT.
Na contramão daquele crescimento, ao retirar ainda mais direitos, o governo aumentará o
contingente de desempregados e miseráveis que, oprimidos pela necessidade de sobrevivência,
acabarão se dispondo a trabalhar em qualquer condição para poder comer e, com sorte, morar em
algum lugar. Talvez seja essa a ideia desse grupo.
Além de repudiar, resistiremos e reagiremos contra essa e qualquer outra medida nefasta. Vamos
dialogar com os parlamentares e pressioná-los, organizar manifestações e também mostrar para
as nossas bases, em 2022, quais os candidatos que estão comprometidos com os interesses dos
trabalhadores. Como na luta exitosa que fizemos contra a MP 1.045: “se votar, não volta”.
Reafirmamos que para gerar emprego digno e melhorar as condições de trabalho é preciso investir
em infraestrutura e em setores intensivos de mão de obra, dar atenção especial às micro, pequenas
e médias empresas, investir em educação e formação profissional, além de reindustrializar o país
fomentando o crescimento e cobrindo os desempregados e os informais com postos de trabalho e
direitos previstos na CLT.
Garantir direitos e valorizar o trabalho proporciona ao conjunto dos trabalhadores maior segurança
para se planejar, tempo livre remunerado, fundo de garantia e poder de consumo. E essa é a mais
poderosa força para aquecer a economia e promover o crescimento inclusivo de um país.
São Paulo, 22 de novembro de 2021
Sergio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres, Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
José Reginaldo Inácio, Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto, Presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Atnágoras Lopes, Secretário executivo nacional da Central Sindical CSP-Conlutas
Edson Carneiro Índio, Secretário-geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora
Emanuel Melato, Coordenador da Intersindical – Instrumento de Luta
José Gozze, Presidente da Pública Central do Servidor