Central dos Sindicatos Brasileiros

FSM debate integração e atuação na América Latina

FSM debate integração e atuação na América Latina

Federação Sindical Mundial reúne líderes para discutir calendário de atividades

No dia 10 de dezembro, foi realizada na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd) a reunião dos dirigentes da Federação Sindical Mundial (FSM) para debater os rumos da atuação da entidade nas Américas, bem como as estratégias de mobilização e integração entre os sindicatos da região, visando à ampliação da unidade das lideranças para 2013. O evento contou com a participação de representantes da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), da Federação Internacional de Sindicatos da Educação (FISE), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e da União Internacional de Sindicatos (UIS).

Em março de 2013, será realizada em Lima, no Peru, a reunião do Conselho Presidencial da FSM, que unificará as questões debatidas na reunião. Entre elas: ênfase ao estabelecimento de um programa de ação para integrar o trabalho da entidade; reforço do trabalho da juventude, das UIS e do Conselho Presidencial; a crise mundial e seus impactos na região; solidariedade; aspectos de geopolítica; desenvolvimento e a valorização do trabalho; e integração regional.

Muitos objetivos foram traçados pelos participantes do evento na luta pela ampliação da atuação da FSM e, consequentemente, na defesa dos direitos dos trabalhadores. A integração sindical, o trabalho por ainda mais visibilidade, mobilizações, engajamento, trabalho sindical solidário e solidificação das bases da plataforma da Federação Sindical Mundial são o alicerce para a representação deveras salutar e árdua dos direitos dos trabalhadores e contra a precarização do trabalho.

Estiveram presentes na reunião Antonio Neto, presidente da CSB e vice-presidente da FSM, Ramón Cardona, secretário da FSM para as Américas, João Batista Lemos, secretário internacional adjunto (CTB) e vice-presidente da FSM, José Ortiz, vice-presidente da FSM, Eduardo Navarro, secretário de imprensa e comunicação (CTB), Paulo Vinicius Santos da Silva, secretário da juventude trabalhadora (CTB e FSM), Aldemir de Carvalho Caetano, diretor (CTB) e secretário de petróleo (UIS Energia), Sebastião Soares da Silva, diretor de comunicação social (NCST) e secretário-geral (UIS Serviços Públicos), Marilene dos Santos Betros, vice-presidenta (FISE), Maria Clotilde de Lemos Petta, secretária de relações internacionais (FISE) e Laura Porcel, assessora internacional (CTB).

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Antônio Neto: defesa da formação sindical na luta pelos trabalhadores

O presidente da Central e vice da FSM anunciou a filiação da CSB à Federação, o que obteve consenso entre todos os representantes.

No debate, Neto apontou a regressão nos direitos sindicais e trabalhistas em diversas partes do mundo, especialmente na Europa. Segundo ele, é preciso unir o movimento sindical para impedir o retrocesso e mobilizar os trabalhadores pela melhoria das condições de vida.

“No Brasil, precisamos continuar com a mobilização pelos direitos dos trabalhadores, batalhando pela redução da jornada de trabalho, pelo fim do fator previdenciário e pela regulamentação das Convenções 151 e 158”, enfatizou Neto sobre a necessidade da organização sindical e da negociação coletiva como ferramentas de luta.

O presidente da CSB relatou o sucesso colhido na construção da Central no Brasil, cujo número de sindicatos já ultrapassou 400 em menos de um ano de organização. “Em menos de um ano, já reunimos mais de 400 sindicatos e 23 federações. Estamos ampliando a base de influência e trabalho da FSM no país, organizando os sindicatos para resistir aos ataques dos conglomerados estrangeiros e para lutar por mais direitos para os trabalhadores brasileiros”, completou.

Ramón Cardona e o fortalecimento da FSM

A mesa de debates foi aberta pelo cubano Ramón Cardona, que começou sua explanação traçando um cenário da América Latina no que diz respeito à atuação da FSM na região. Ele confirmou o interesse da Federação em fortalecer a união sindical internacional. “É muito importante a união sindical internacional. Para a FSM, as reuniões intersindicais internacionais são fundamentais para organização e defesa dos direitos das classes trabalhadoras”, destacou.

O secretário enfatizou a importância da divulgação desses direitos, alegando que não se pode lutar por direitos que não se conhece. “Os movimentos de solidariedade e a divulgação da FSM não região são medidas imprescindíveis, pois, atos como esses, fortalecem a nossa presença e têm resultados concretos frente às prisões e perseguições de dirigentes sindicais”, completou Ramón Cardona.

Ele ressaltou a importância da produção de documentos de formação e conscientização da classe trabalhadora. “É necessária a produção desses materiais escritos com as propostas e a ideologia classista e a anti-imperialista da FSM”, defendeu observando, ainda, que houve avanços no trabalho da Federação na região, mas também houve uma deterioração da situação de alguns países, como no Paraguai e na Argentina.

José Ortiz e a força da FSM na luta contra a direita

Vice-presidente da FSM, o chileno José Ortiz trouxe ao debate um amplo cenário da realidade do seu país. Ele reforçou o domínio de um governo de direita há mais de 20 anos, que não respeita os direitos sindicais, citando exemplos como o da saúde do Chile, que é explorada por grandes grupos privados. “Assim como a direita está cada vez mais agressiva em todo o mundo, o mesmo ocorre no Chile, onde não há fiscalização dos direitos do trabalho e as multas, quanto são impostas, não passam de 100 dólares, valor insignificante para as empresas transnacionais”, lamentou Ortiz.

Ele afirmou que há um crescente movimento de criação de sindicatos de conciliação, submetidos às vontades e aos interesses patronais, o que provoca a divisão das categorias em milhares de sindicatos pequenos e inexpressivos. Com isso, dos 20 mil sindicatos de trabalhadores existentes, apenas a metade tem vida ativa, mas, na perspectiva de conciliação com os patrões e de traição da classe trabalhadora. “No Chile, a negociação coletiva alcança apenas 4,2% das entidades sindicais existentes e o número de sindicalizados está em torno de 7%”, explica. Com relação ao trabalho da FSM, o Ortiz lembrou as dificuldades de ação em alguns setores sindicais do país, devido à influência das correntes sindicais da Europa.

José Ortiz diz que é indispensável uma pesquisa sobre o desenvolvimento e seus impactos sobre o trabalho. “É nossa tarefa articular a luta sindical e política, travar a batalha das ideias, colocando no centro questões com a Convenção 158 que é fundamental para impedir as demissões imotivadas”, defendeu, ressaltando a importância desta convenção – que visa coibir a dispensa de trabalhadores apenas para diminuir seus gastos – para a manutenção da estabilidade no emprego.

Para ele, a integração regional é necessária para o enfrentamento do imperialismo e a defesa da soberania das nações do Cone Sul. “É preciso destacar que integração não é a submissão dos povos às grandes multinacionais”, frisou Ortiz.

João Batista Lemos e as bandeiras da Federação

João Batista Lemos destacou o crescimento da FSM nas lutas da classe trabalhadora no mundo, como na África do Sul, mas lembrou a realidade do Cone Sul, onde há distinções entre os países em todos os aspectos, embora a luta geral e os desafios da classe trabalhadora sejam os mesmos.

Ele também salientou a defesa da ideologia classista da Federação, além de evidenciar a opressão imperialista e do capital perverso. Para Batista, a organização dos sindicatos e, consequentemente, da FSM fortalecerá a atuação da entidade na luta pelos direitos dos trabalhadores. “É importante que defendamos as bandeiras da FSM e a unicidade sindical se quisermos buscar ampla visibilidade na luta pelas categorias”, enfatizou o vice-presidente da CSB.

Sebastião Soares e o fortalecimento das UIS

O secretário-geral da UIS Serviços Públicos discorreu sobre os desafios de enfrentar a construção material da entidade, concentrando a sua atuação no Brasil e na América Latina.

Enfatizou, ainda, as dificuldades e a crise do movimento sindical na região que inviabilizou a realização de várias ações que já estavam programadas. “O que está sendo feito no mundo capitalista é uma violência autoritária sem precedentes. Trata-se de criminalidade econômica imposta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Comissão Europeia, no caso da Europa, em aliança com os governos servis e submissos”, explicou Sebastião Soares sobre a crise mundial e seus impactos sobre o movimento sindical.

Para ele, a solidariedade classista na luta anti-imperialista é decisiva, bem como o fortalecimento do Estado e a garantia de serviços públicos de qualidade para a população que os demandam. “Tanto a liberdade sindical – de acordo com a concepção da FSM – e os demais direitos sindicais e trabalhistas dependem da presença do Estado, mas que não seja um estado transformado em mera agência burocrática de execução das imposições da ditadura da austeridade fiscal e do arrocho monetário”, exemplificou.

Eduardo Navarro e os elementos de integração

Para Eduardo Navarro, a organização coletiva e preparada é capaz de formar um modelo de integração da FSM na América Latina. Salientou, também, que é necessária uma denúncia da integração no modelo europeu. “É a integração da produção de mercadorias, da produção de commodities para exportação e construção de estradas de ferro para escoamento dessa produção. Tudo no interesse do mercado imperialista”, explicou.

Aldemir Caetano e as vantagens da integração organizada na FSM

O secretário de petróleo resgatou a necessidade de comunicação mais elevada da FSM na região e de forma coletiva, por meio de ações integradas e não segmentadas, com esforço organizativo e liberação de quadros.

“A realidade dos fatos demonstra que todas as categorias de trabalhadores têm problemas comuns que se espalham nas diversas atividades econômicas que envolvem os segmentos das cadeias produtivas. Por isso a integração é um meio de unificar as lutas desde que sejam criadas as condições para a aproximação da classe trabalhadora”, defendeu Aldemir Caetano.

Paulo Vinicius e o poder das articulações

O secretário da juventude trabalhadora reforçou o debate sobre o empenho para haver uma ação mais coordenada da Federação Sindical Mundial na América e para que haja ainda maior dinamismo nas ações. “É necessário articular nossa atuação”, explicou defendendo a criação de um portal da América da FSM para dar sentido de movimento ou referências de notícias da Federação, na forma de um site colaborativo e interativo.

Maria Clotilde Lemos e Marilene Betros: a educação como forma de interação

As representantes da FISE apontaram avanços importantes da organização dos professores no âmbito da FSM. Marilene Betros ressaltou que a educação é compreendida por todos como algo de fundamental importância, uma mola propulsora. “É com esse olhar é que entendida a importância da educação na luta sindical no plano internacional”, explica Marilene ressaltando que, nesse sentido, o que mais unifica as lutas internacionais é a questão da mercantilização da educação. Para Maria Clotilde Lemos, é importante intensificar os movimentos de massa. “É preciso investir na profissionalização da categoria”, finalizou.