Central dos Sindicatos Brasileiros

“O Brasil precisa mudar porque o caos está tomando conta”, diz Ciro Gomes durante evento em Bauru

“O Brasil precisa mudar porque o caos está tomando conta”, diz Ciro Gomes durante evento em Bauru
Ex-governador e ex-ministro da Fazenda trouxe alternativas para o desenvolvimento do País em evento da Seccional da CSB em São Paulo

 

O ex-governador do Ceará Ciro Gomes participou de encontro da CSB São Paulo, nesta quinta-feira (5), em Bauru. O político tratou da conjuntura nacional, geração de emprego e renda, além de oferecer soluções para que o Brasil saia da crise e supere os 13 milhões e 700 mil desempregados do País. O ex-ministro chamou a plateia para olhar o problema “estrutural” do Brasil, que tem solução se as questões forem discutidas e tratadas.  Para o ex-governador, os números do Brasil devem ser ditos e explorados de forma incansável para que se chegue à raiz dos fatos.

“Além do enorme desemprego, 62 mil e 500 pessoas foram assassinadas nos últimos 12 meses. Por que é importante dizer isso? Por que uma elite acha que está imune a isso, e esse número pode se referir a um filho meu, seu, de cada um de nós. O Brasil precisa mudar porque isso está crescendo e o caos está tomando conta”, analisou.

Ciro Gomes aponta como o maior entrave para resolver o alto desemprego e aumentar a geração de renda a falta de projeto nacional para o Brasil. “Getúlio Vargas implantou um projeto nacional, e em 1980 acabamos com ele e não recriamos outro”.

Os motores do Brasil
O ex-governador afirma que o País tem motores capazes de reverter o caminho das estatísticas negativas que tem alcançado. O consumo seria um desses impulsos necessários.  “Se as famílias têm mais renda, elas passam a consumir mais porque o capitalismo moderno se afirma no consumo de massa, e o consumo de massa se afirma na renda, então somos o primeiro capitalismo do mundo que quer destruir a renda (acabando com empregos, direitos e bom salários) e quer vender ao mesmo tempo”. O ex-ministro da Fazenda destacou ainda que 61 milhões de pessoas estão com o nome sujo no SPC e SERASA e indagou: “Como pode ter consumo para girar a economia assim?”.

O endividamento das empresas é apontado pelo político como um dos problemas primordiais a serem resolvidos para o País crescer. “As empresas brasileiras têm R$ 2 trilhões em dívidas. Como essas empresas podem investir no Brasil devendo tanto?”, questionou.

Ciro Gomes também criticou a dívida brasileira, que, segundo ele, passa de R$ 5 trilhões, além do sistema tributário. “Nos EUA as grandes heranças são taxadas a partir de 29%, e no Brasil só em 4%.  Aqui pobre e classe média trabalhadora pagam 40% em impostos. Tem que mexer de cima para baixo”, diz o ex-governador.

O ex-governador citou a economia e indústria alemã, “que tem o maior custo de hora trabalhada da Terra”. “Jornada de 30 horas semanais, e a segunda é conhecida como um pequeno domingo, já que tem um tempo de trabalho reduzido. Não estamos nesse nível, mas temos que ver que não é pelo arrocho salarial que a solução vem”, completou.

Economia é debate importante
Ciro Gomes chama a população para discutir economia e entender o câmbio. “A gente pode não comprar dólar, mas a gente compra pão, e se sobrar um dinheirinho come pizza no final do mês. E as duas comidas são feitas com trigo, que não é produzido aqui e a gente paga em dólar, então tem que entender como isso afeta a gente para discutir as saídas, porque elas existem”.

“O Brasil é o maior produtor de sobra de petróleo hoje, mas adotamos uma política de um tempo para cá de vender a matéria bruta e comprar o óleo diesel e gasolina que consumimos. E fazemos essa compra em dólar. Por que não usamos o que é nosso? Se o dólar sobe hoje, o diesel sobe também, e essa foi uma escolha do Governo”, diz o político ao lembrar da recente greve dos caminhoneiros que parou o País.

Encontro da CSB São Paulo
Antes de Ciro Gomes, palestram no mesmo evento o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) Luis Henrique Rafael e a advogada e mestre em Direito Sindical Augusta Raeffray.