Após anos de articulação junto à prefeitura e ao governo estadual, o Sindicato dos Mineiros de Candiota (RS) comemorou o anúncio da uma nova indústria com energia limpa no Polo Carboquímico da cidade. A empresa brasileira Vamtec e a gestora do grupo alemão ICMD investirão R$ 420 milhões no projeto Ferroligas Candiota para a fabricação da liga metálica FeSiAl (Ferro Silício Alumínio).
O anúncio foi feito pelos empresários nesta terça-feira (9) junto ao governador Eduardo Leite, no Palácio Piratini, e em Candiota, com a participação de representantes do sindicato, do prefeito Luiz Carlos Folador e outras lideranças regionais.
A indústria siderúrgica que será construída no local vai beneficiar o carvão para produzir a liga, que será utilizada na desoxidação do aço pelo setor siderúrgico. Os empresários explicaram que o carvão da cidade tem alto teor de cinzas, que é o ideal para a utilização da técnica patenteada pela ICMD.
Transição energética
O processo é uma nova forma de explorar o carvão em tempos de transição energética, pois não emite gases de efeito estufa como nos casos em que se queima esse mineral.
“A gaseificação do carvão é uma das alternativas viáveis para o aproveitamento deste mineral abundante no Rio Grande do Sul, podendo resultar em diversas vantagens econômicas e sociais. O projeto servirá para direcionar a aplicação de tecnologias, já largamente utilizada em diversos países, apontando as melhores aplicações ao carvão Candiotense além da geração de eletricidade, gás de síntese, fabricação de combustíveis líquidos e fertilizantes”, disse o secretário de Comunicação do sindicato, Hermelindo Ferreira, durante o evento de anúncio na cidade.
Em Candiota, foi assinado o termo de cedência da área onde a indústria será construída, concedida pelo município para as empresas Vamtec e ICMD, localizada junto a um parque industrial que já conta com infraestrutura prévia pronta. A próxima fase agora é obter as licenças ambientais para dar início à obra. O prazo proposto pelos empresários para início das atividades é até o fim de 2027.
Ferreira contou que há anos a entidade atua para que a transição energética seja feita no município e novas indústrias que explorem o carvão com menor impacto ambiental sejam instaladas em Candiota, conhecida como capital nacional do carvão.
“Como representantes dos mineiros, vislumbramos que, se as usinas que queimam carvão na nossa região pararem de funcionar, o que pode ser uma realidade num futuro próximo, o desemprego aumentará significativamente. Aqui na região, incluindo uma área com mais de 30 municípios, apenas Candiota tem indústria, e ela é nossa principal fonte de emprego, com uma média salarial de R$ 4.200, muita acima da média geral. Precisamos nos preparar para a transição e preservar esses empregos”, explicou.
Empregos
Os gestores do projeto também destacaram o potencial de geração de empregos. Estima-se que cerca de mil operários trabalharão na construção da estrutura, que depois deverá ter cerca de 330 postos fixos de trabalho. Ao todo, cerca de 1.500 empregos diretos e indiretos devem ser criados com a nova fábrica.
“Ao apontar novos rumos à produção do carvão mineral, abrem-se possibilidades de importante retorno econômico e social em termos de uma energia limpa, abundante e economicamente viável. O carvão gaúcho tem grandes possibilidades de protagonizar uma nova realidade econômica e com maior sustentabilidade ambiental”, concluiu o sindicalista.
Os empresários estimam que a planta produza 36 mil toneladas da liga por ano, com um mercado potencial para 170 mil toneladas. O investimento também contempla oportunidades para programas de desenvolvimento social, educacional e de saúde, além de troca de experiências nacionais com a China.
A expectativa de faturamento do primeiro projeto é de R$ 300 milhões anuais, com retorno de R$ 40 milhões em impostos por ano.
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Com informações de Brasil de Fato
Foto: Corbari