Sociedade não está sendo devidamente alertada sobre danos da reforma trabalhista

Para a CSB, debate centrado no acordado sobre o legislado e na contribuição sindical retira o foco sobre a destruição da CLT e o desmanche do trabalho formal no País

O debate que vem sendo travado pela mídia e por parte da classe política em relação à reforma trabalhista, com foco principalmente na questão da contribuição sindical e no acordado sobre o legislado, está retirando da discussão o que deveria ser o seu tema central: o desmanche do trabalho formal no País. A avaliação é da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), que acredita que, com o desvirtuamento do debate, a sociedade não vem sendo alertada de forma correta sobre os graves danos existentes no projeto.

“Tanto a grande imprensa como parte da classe política estão focando somente no acordado sobre o legislado e no fim das contribuições sindicais, mas isso é completamente secundário diante da devastação que a proposta de reforma trabalhista está trazendo”, afirma o presidente da CSB, Antonio Neto.

O dirigente ressalta que o substitutivo apresentado pelo relator, o deputado federal Rogério Marinho, promove um verdadeiro desmonte da relação capital-trabalho como conhecemos hoje.

O texto abre espaço para a terceirização indiscriminada de todas as atividades da empresa, incentiva a pejotização através do trabalho autônomo, amplia os contratos a tempo parcial, flexibiliza as regras para os temporários, cria contratos intermitentes, possibilita o teletrabalho por meio de tarefas (sem correspondência com a duração do trabalho), entre outras formas precárias de contratação.

“Na prática, isso vai acabar com os direitos que estão estabelecidos na Constituição, como 13º salário, férias, licença maternidade, fundo de garantia, entre outros”, ressalta Neto. “A proposta é a política de terra arrasada para os trabalhadores, em uma completa inversão do mercado de trabalho, na qual se planeja substituir os trabalhadores que hoje têm carteira assinada por terceirizados, PJs e contratados parciais”, afirma.

Relação individualizada

A proposta praticamente elimina o caráter coletivo da negociação acerca dos direitos trabalhistas e traz esse debate para uma relação individual entre patrão e empregado.

“O projeto vai na contramão do que diz a própria Constituição Federal, que em seu artigo oitavo determina a obrigatoriedade da participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho”, explica Neto.

Ao afastar os sindicatos da assistência aos trabalhadores nas demissões e no pagamento de verbas rescisórias e ao individualizar a negociação entre patrão e empregado nas questões que envolvem os benefícios e direitos trabalhistas, por exemplo, o projeto torna a classe trabalhadora muito mais suscetível às pressões e interferências dos empregadores.

Tramitação apressada

Diante da maneira como o tema vem sendo abordado, o que tem causado dificuldade até mesmo para que a sociedade compreenda o assunto de forma aprofundada e entenda o que está em risco, o presidente da CSB destaca que é ainda mais absurda a aprovação do regime de urgência para a tramitação da reforma trabalhista.

“Não é possível que um projeto deste porte, com alterações tão profundas na relação capital-trabalho e que tem o potencial de acabar com os direitos dos trabalhadores, seja levado adiante desta forma tão apressada”, ressalta Neto.

Para entrevistas e mais informações:

 Imprensa | CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)

Tel: (11) 3823-5600 – Ramal – 5310

Cel: (11) 99518-8109

 

Compartilhe:

Leia mais
Assédio eleitoral trabalhador indenização
Assédio eleitoral: trabalhador demitido por negar apoio a Bolsonaro será indenizado
Lula precisa dar mais segurança aos trabalhadores
Governo Lula precisa honrar seus compromissos e dar mais segurança aos trabalhadores
Golpe internet indenização trabalhista
Justiça alerta para novo golpe sobre pagamento de indenizações trabalhistas
ataque israel líbano beirute 2024
Nota: centrais pedem diálogo pela paz em meio à escalada de conflitos pelo mundo
greve trabalhadores portos estados unidos
Presidente Biden apoia greve de portuários: "empresas devem dividir lucros recordes"
CSB inauguração sala darcy ribeiro puc sp
Com apoio da CSB, sala em homenagem a Darcy Ribeiro é inaugurada na PUC-SP
empregos na industria brasileira 2024
Criação de empregos na indústria cresce 83% em 2024, com 344 mil novos postos
diretoria eleita sindpd-sp
Justiça aponta mentiras de militantes da UP e confirma lisura da eleição do Sindpd-SP
Resolução CNJ veta questionamento acordos justiça do trabalho
CNJ veda questionamento de acordos homologados pela Justiça do Trabalho
Greve portuários EUA ILA union
Portuários dos EUA entram em greve pela 1ª vez em quase 50 anos e paralisam 36 portos