Em nota, Central dos Sindicatos Brasileiros defende a luta dos metalúrgicos e critica o abuso das montadoras
Após a demissão de mais de 800 trabalhadores da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), realizada por meio de telegrama, o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, expôs em nota o desrespeito da montadora com os metalúrgicos e o prejuízo que este processo causa ao País.
Para o dirigente, as estratégias da multinacional em busca de benefícios fiscais pode gerar um grave déficit econômico para o Brasil. “Conclamamos o governo, a sociedade e, sobretudo, o movimento sindical a dar um basta nesta chantagem”, disse Antonio Neto na nota.
A Volkswagen rompeu o acordo coletivo estabelecido em 2012 com o Sindicato, que teria vigência até 2016. A alegação dada em nota enviada à imprensa pela companhia é de que, após anos de crescimento, a perspectiva para a indústria automobilística era positiva, mas que, apesar do crescimento global do Grupo, houve retração na América do Sul. Na análise da CSB, esta justificativa não é recente e vem sendo aplicada há anos pelas montadoras. A Central argumenta ainda que, ao enviarem bilhões de dólares em remessa de lucros para o exterior, as empresas, na verdade, fazem chantagem com o governo para obterem mais benefícios, em detrimento da valorização dos profissionais que nelas atuam.
Confira abaixo a nota de repúdio à ação da multinacional, divulgada pela Central dos Sindicatos Brasileiros.
Todo apoio aos metalúrgicos da Volks!
Brasil não deve se submeter mais uma vez à chantagem das montadoras
Após remeterem, nos últimos cinco anos, mais de US$ 16 bilhões de lucros e dividendos para o exterior, levando em conta somente os registros oficiais do BC, as montadoras instaladas no País iniciaram mais uma onda de chantagem contra o governo, a fim de obter novos benefícios fiscais do Estado.
Desrespeitando, inclusive, um acordo de estabilidade até 2016, a Volks de São Bernardo do Campo anunciou, na última segunda-feira, a demissão sumária de 800 trabalhadores. Esta prática não é nova, faz parte de uma estratégia há muito conhecida por nós brasileiros.
É preciso, porém, destacar que desta vez as montadoras não exigem apenas a renovação da política de redução do IPI, mas também a criação de fundo com recursos do FAT para sustentar ainda mais os seus lucros, possibilitando que o contribuinte financie o sistema de layoff destas empresas, assegurando a regulação administrativa e financeira em momentos de queda da demanda.
Ao mesmo tempo em que a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) se solidariza com a luta dos metalúrgicos em greve contra as demissões, conclamamos o governo, a sociedade e, sobretudo, o movimento sindical a dar um basta nesta chantagem, que tem causado prejuízos enormes para o País.
São Paulo, 7 de janeiro de 2015.
Antonio Neto
Presidente da CSB