Juvenal Pedro Cim*
A história é a maior testemunha que a luta dos trabalhadores por melhores condições de salários e de trabalho já dura alguns séculos. E que essa jornada sempre foi marcada com sangue e com a vida de milhares de trabalhadores. Dificilmente a batalha entre capital e trabalho será encerrada num estalar de dedos ou encerrada por um decreto governamental. Por isso, que o Dia do Trabalho no Brasil e no mundo se transformou num dia específico para lembrar que o ideal dos mártires de Chicago continua vivo, e que a classe trabalhadora ainda tem muito a conquistar e especialmente, garantir seus direitos sagrados e básicos como: férias, 13ºsalário, FGTS, carteira assinada e condições de trabalho.
No Brasil, a data é comemorada desde 1949, quando foi instituída pela Lei nº 662. Entretanto, a luta dos trabalhadores começou bem antes, em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos. O que deveria ser o primeiro dia pacífico da segunda greve pela redução de jornada de trabalho para oito horas foi reprimida pela polícia. Na época, greves semelhantes ocorreram em vários países. A primeira paralisação coletiva nesse sentido tinha ocorrido em Londres, 52 anos antes e que também foi violentamente reprimida pela polícia.
O processo da Praça do Mercado, que julgou oito dirigentes sindicais da greve de Chicago, durou um ano e meio, ao fim do qual eles foram condenados: cinco a morte, três a prisão perpétua, com trabalhos forçados. Eram todos anarquistas. E em 14 de julho de 1889, primeiro centenário da Revolução Francesa em Paris, o Congresso Internacional Socialista proclamou o 1º de Maio, com o Dia Internacional do Trabalho, em homenagem aos mártires de Chicago.
A luta pela manutenção do emprego e o crescimento econômico vai pautar o 1º de maio no Brasil e no mundo. A crise econômica mundial que atingiu praticamente todos os setores da economia também atingiu os trabalhadores brasileiros. Apesar de o governo tentar mascarar dados e se esforçar para minimizar os efeitos, a crise está provocando o fechamento de vagas de trabalho no país. Em alguns setores, a produção caiu drasticamente, o que obrigou o próprio governo a adotar medidas para garantir o nível de emprego. Um exemplo foi o corte das taxas e impostos dos veículos, cujos preços caíram por causa da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Depois, foi a vez da chamada “linha branca”: fogões, geladeiras e máquinas de lavar ter o IPI reduzido e mais recentemente o material de construção. Sem dúvida, que medidas como essas mantem os atuais níveis de produção e o aquecimento do mercado. As obras do PAC são outra grande aposta do governo para estimular a economia e a geração de emprego. Portanto, alguns setores continuam sofrendo, especialmente, os que dependem de exportações de seus produtos para os Estados Unidos e Europa.
A pergunta é: até quando as medidas de urgências adotadas pelo governo somente por causa da crise vão permanecer? O governo tem outras propostas para que a economia volte a crescer num ritmo mais acelerado? Como ficam as reivindicações históricas do movimento sindical, como a redução da jornada para 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário? O movimento sindical brasileiro tem propostas para o país superar a crise e gerar riqueza e emprego, e de imediato a saída é reduzir juros, o spread bancário, a reforma tributária e a volta do crescimento econômico vigoroso.
(*) Juvenal Pedro Cim é Presidente do SENALBA-PR e da CSB Central dos Sindicatos Brasileiros – PR.