Na última quarta-feira (10) o We Coletivo reuniu em uma live o deputado federal André Janones (Avante-MG), o presidente da CSB e do PDT na cidade de São Paulo, Antonio Neto, e o professor da FGV, Nelson Marconi, para debater um dos temas mais caros ao momento de crise política, sanitária e social que o Brasil vive, o retorno após um hiato de mais de 3 meses do auxílio emergencial.
Com comando da engenheira biomédica, Thabata Ganga, o evento levantou pontos importantes da “saga” que envolve o pagamento de um auxílio para as populações mais carentes do país.
“Temos que canalizar essa energia do trabalhador e do empresário na luta por vacina e auxílio. Já que nossa elite sempre acha que o que os EUA e Europa fazem é bom, vejam lá o pacote aprovado pelo Biden de U$1.9 trilhões e o fortalecimento dos sindicatos para girar a economia, socorrer o empresário e o trabalhador. A retomada da economia passa por sindicatos fortes e salários fortes.” afirmou o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros, Antonio Neto.
Após a aprovação em meados de 2020 do auxílio, o que se sucedeu foi uma batalha constante para conseguir prorrogar esses pagamentos até o mês de dezembro, já enfrentando uma articulação bem sucedida do governo federal para restringir o valor em R$300 e agora uma parcela do Congresso que enfrenta a PEC 186/96, usada como moeda de troca para a aprovação de mais uma rodada de pagamentos, com valor ainda menor “o auxílio foi aprovado por unanimidade pelos 513 membros eleitos da câmara ainda em 2020…isso mostra o que falta para a nossa sensibilidade com o momento que vivemos” afirmou o deputado federal André Janones.
O deputado ainda compartilhou as dificuldades impostas pela tramitação dessa PEC, que vendida como essencial para a aprovação de um resgate dos trabalhadores acabou virando uma armadilha para os congressistas: “você ou vota para ferrar com os servidores públicos ou vota contra o auxílio. É uma armadilha sem saída. Agora o que fazemos é minimizar os danos, por exemplo através do destaque 3 do Deputado Wolney Queiroz (PDT) que tira o limite de valor a ser pago”. Dentro desse cenário, Thabata Ganga questionou os participantes sobre quais poderiam ser os caminhos alternativos para viabilizar esse pagamento, se tantos países conseguem articular um programa de renda ao longo de todo esse período, por que o Brasil se prende em discussões como essas da PEC?
“Como que os outros países fizeram diferente? Foram e emitiram moeda quando viram que precisavam aumentar gastos, com isso você não aumenta significativamente a dívida com o mercado. E como você diminui essa dívida no futuro? Taxação de lucros e dividendos, de heranças milionárias, diminuição de certos incentivos.” completou o economista, Nelson Marconi.
O líder sindical e presidente do PDT em São Paulo, Antonio Neto, lembrou ainda que enquanto essa PEC que se arrasta pelo Congresso para viabilizar um aporte de R$44 bilhões para o auxílio, o governo brasileiro mantém em caixa reservas de R$ 4 trilhões “dinheiro não é o problema para bancar o auxílio”.
O debate em torno do auxílio se mostrou não só urgente para o momento de caos social e econômico que vivemos, mas também quebrou paradigmas antes estabelecidos no imaginário popular, permeados por uma propaganda neoliberal que se infiltrou na mente das pessoas ao longo dos últimos anos. O que parecia utópico antes da pandemia como o pagamento de uma renda mínima permanente, se mostrou não só viável como benéfico para economia brasileira em sua totalidade.
“Quando se falava em renda mínima no passado, tudo ficava no mundo das idéias. Agora ficou claro que um programa de transferência de renda é a única forma de enfrentar as desigualdade desse país. Em especial a fome, que pode voltar a se tornar o drama prioritário do Brasil, assim como foi nos anos 90.” afirmou Janones
O debate foi promovido pelo We Coletivo, uma organização autônoma criada por cidadãos dispostos a participar da construção de espaços de reflexão acerca de temas relevantes ao aprimoramento social.