Primeiro show aconteceu no Parque da Aclimação; CSB apoia a iniciativa, que contará com mais 14 apresentações
O Parque da Aclimação, tradicional recanto de lazer dos paulistanos, foi palco do primeiro show do projeto No Clima do Choro. A inauguração foi feita pelo Trio Cambuci, com participação especial do cantor Celso Miguel. Realizado pela Subprefeitura da Sé, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, a iniciativa tem o apoio cultural da CSB.
Arthur Bernardo (pandeiro), Stanley Carvalho (clarinete) e Cidão (violão 7 cordas) entraram em cena às 12h30, reunindo quem passeava ou se exercitava no parque. Noites Cariocas, de Jacob do Bandolim; Carinhoso, de Pixinguinha; Tico Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, e Brasileirinho, de Waldir Azevedo fizeram o público relembrar os clássicos da música brasileira.
Em Viva Meu Samba, de Billy Blanco, a plateia acompanhou o grupo cantando a letra da canção. Dona Elza Ribeiro, aposentada que mora na Aclimação há mais de 20 anos, dançava animada. Ela conta que faz caminhadas no parque quase todos os dias e adora as apresentações ao ar livre.
“Essas músicas me fazem recordar um tempo muito bom da minha vida. Nunca tinha visto um grupo de chorinho, assim, ao vivo. Ganhei meu sábado”, disse enquanto acompanhava a letra de Carinhoso.
Chorinho vive
O Trio Cambuci foi criado há um ano e é formado por músicos da região do Cambuci, tradicional bairro da Zona Sul de São Paulo.
Stanley Carvalho diz que projetos como o No Clima do Choro ajudam na preservação da cultura nacional, já que, segundo ele, a música eletrônica internacional vem consumindo um espaço que é dos brasileiros. “Estes projetos que focalizam diretamente o choro são de extrema importância para que não deixemos o estilo morrer”, afirma.
O músico contou durante o show que Pixinguinha introduziu o pandeiro no choro, fator determinante para a transformação do gênero em estilo musical. “Antes, o chorinho era apenas um jeito diferente de tocar outras músicas”, completou.
Para Arthur Bernardo, o Brasil precisa dar ao choro o mesmo valor que os Estados Unidos dão ao jazz. “O choro é uma raiz da música brasileira. Todos os músicos pesquisam sobre o estilo. Um novo espaço é importante para divulgar, e isso ajuda a preservar nossa cultura e os músicos”, contou.
Segundo o violonista Cidão, a divulgação é, sim, a questão fundamental para a manutenção do chorinho como patrimônio cultural brasileiro. “O choro era tocado antigamente para as pessoas mais velhas. Hoje o pessoal mais jovem também passou a curtir e escutar mais chorinho. É muito bom para resgatar este estilo, que será eterno com certeza”, afirmou.
O projeto No Clima do Choro prevê mais 14 apresentações musicais com grupos distintos, explorando a diversidade do estilo. A próxima apresentação será de Marcelo de Souza & Conjunto Retratos e acontecerá no dia 13 de dezembro, a partir das 11 horas, no quiosque do Parque da Aclimação, com entrada gratuita.