CSB defendeu valorização do salário mínimo, redução das taxas de juros, criação de postos de trabalho e democracia na Praça Campo de Bagatelle
Geração de empregos e retomada do desenvolvimento econômico do País foram o grito de milhares de trabalhadores no 1º de maio de 2016 da Praça Campo de Bagatelle, em São Paulo. No evento unificado entre CSB e Força Sindical, manifestações contra a alta de juros, inflação e reforma previdenciária também marcaram o ato político deste Dia Internacional do Trabalho.
O presidente Antonio Neto clamou por um “basta no desemprego, na fome e na miséria” durante discurso aos trabalhadores. “É hora de implementar um governo que tenha compromisso efetivo com a classe operária, com o desenvolvimento, com a inclusão social. Basta de mentiras. É chegado o momento de, efetivamente, o Brasil voltar aos trilhos do desenvolvimento”, ressaltou Neto. De acordo com o presidente, a oportunidade para alavancar a soberania nacional “se aproxima rapidamente” e “por isso, é importante a unidade da classe operária, a unidade dos trabalhadores, das centrais e do Brasil na construção de um País justo, democrático e includente”. Em meio a um cenário de instabilidade financeira, a inflação acumulada nos últimos doze meses chegou ao patamar dos 9,39% e a taxa Selic a 14,25%. Mais de 11,1 milhões de brasileiros estão desempregados segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na data em que foi assinado o Decreto-Lei nº 5.452, que promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943, pelo então presidente Getúlio Vargas, o vice-presidente da CSB José Avelino Pereira (Chinelo) relembrou quais artigos da legislação precisam continuar a ser defendidos pelo movimento sindical e pela administração pública na atual conjuntura político-econômica.
“Nós precisamos manter a política de valorização do salário mínimo. Nós esperamos que o governo não mexa na reforma da Previdência porque os aposentados precisam de uma política digna. Além disso, a geração de empregos e a correção da tabela do Imposto de Renda são bandeiras importantes neste nosso 1º de maio. Hoje, nós precisamos dar credibilidade, respeito ao País, para que os investidores voltem a investir porque, atualmente, nós estamos à deriva e precisamos colocar o Brasil no rumo certo”, diz o dirigente.
Recuada em 8,3% no ano de 2015 segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Brasil (PIM-PF), do IBGE, a produção brasileira bateu seu recorde negativo desde o início da série em 2003. Para mudar o quadro de desaceleração produtiva e sucateamento das indústrias brasileiras, Chinelo defende a resistência à criação de novos impostos e a redução da taxa de juros. “Se o governo criar novos impostos, acabará diminuindo a geração de empregos. O Brasil tem a taxa de juros mais alta do mundo. Nós precisamos reduzir essas taxas se quisermos gerar emprego e retomar o desenvolvimento”, ressalta.
Também presente no evento, o secretário-geral da Central, Alvaro Egea, afirma que “a normalização institucional do País” é uma das principais preocupações das centrais sindicais nesta data. Segundo o dirigente, são necessárias políticas de reativação da economia, de geração de postos de trabalho, renda e não aceitar, “em hipótese nenhuma, o corte dos programas sociais e dos direitos trabalhistas já consagrados na legislação” – pautas também levantadas no documento redigido pela CSB, Força Sindical, UGT e Nova Central e entregue ao vice-presidente da República, Michel Temer, na última terça-feira (26), durante reunião no Palácio do Jaburu, em Brasília.
Em 18 pontos qualificados pelas entidades como os principais para o Brasil garantir a preservação e ampliação dos direitos trabalhistas e conquistas sociais, o movimento ainda exige reconstrução do parque industrial brasileiro, fortalecimento do Ministério do Trabalho e Previdência Social, correção da tabela do Imposto de Renda e renegociação da dívida interna. Conforme dados da Auditoria Cidadã da Dívida Pública, o governo federal destinou, em 2015, 42% do orçamento geral da União ao pagamento do débito, o que equivale a R$ 962 bilhões.
“Neste e em outro documento lançado pelas centrais em dezembro do ano passado, o ‘Compromisso pelo Desenvolvimento – O Brasil é maior que a crise’, já tem um indicativo muito claro de como reativar a economia. É preciso encontrar uma solução de liberar crédito para as empresas e às pessoas e suas famílias. É preciso retomar as grandes obras de infraestrutura que estão paralisadas e, enfim, gerar empregos. E o que gera emprego é renda, é salário, é mercado de consumo ativado”, elenca Egea.
A campanha contra o Projeto de Lei Complementar 257/2016, que determina a renegociação das dívidas dos estados em troca de enormes prejuízos aos servidores públicos, foi outra bandeira levantada pelos dirigentes da CSB durante a celebração do Dia do Trabalho.
Encaminhado pelo Poder Executivo Federal ao Congresso em março, o PLP propõe a interrupção do reajuste salarial e da realização de concurso por dois anos, a elevação da alíquota previdenciária dos servidores de 11% para 14%, a instituição do regime de previdência complementar e a limitação de progressões funcionais como compensações financeiras para aumentar o prazo de pagamento dos débitos dos entes federados em até 240 meses – propostas rechaçadas pela Central, que encampou um protesto nacional contra o Projeto, dia 13/04, no Distrito Federal.
Além do ato político, shows de artistas de diversos gêneros musicais e sorteio de dezenove HB20, da Hyundai, alegraram o público presente no evento. Entre os convidados, Gusttavo Lima, Fernando e Sorocaba, Paula Fernandes, Thaeme e Thiago, Michel Teló, Art Popular, Sampa Crew e Mc Biel comandaram a festa do Dia do Trabalho.
Clique aqui para ver a galeria da festa do trabalhador no 1º de maio de 2016