Em reunião realizada via videoconferência, na manhã desta quinta-feira (26), os presidentes das centrais sindicais se reuniram com o ministro e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. O encontro visava discutir saídas e soluções para a crise gerada pela pandemia do coronavírus. Temas como a necessidade de uma intervenção econômica do Estado e os problemas da Medida Provisória 927 foram destaque durante o diálogo.
A reunião contou com a participação das principais centrais sindicais (CSB, CUT, Força, UGT, CTB e Nova Central). O Presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli demonstrou profunda preocupação com a pandemia do coronavírus e a falta de coordenação da crise liderada pelo Governo Federal.
De acordo com Toffoli é necessário estabelecer um diálogo com os responsáveis pela área econômica para elaborar medidas realmente efetivas, diferentes dos cortes de orçamento, que podem até agravar a crise. “Você dizer que se resolve esse problema cortando salário, diminuindo remuneração do funcionalismo público: isso é economia que não resolve coisa nenhuma, é economia de miséria”.
Como solução, o ministro defendeu a criação de um grande pacote econômico. “Muitos especialistas já falam em recessão, em crescimento zero e em desemprego. A única saída é o governo, especialmente a área da economia, por em prática a criação de um pacote de ajuda aos trabalhadores e ao setor produtivo”, finalizou Toffoli.
O Ministro Dias Toffoli defendeu a criação de um comitê gestor tripartite com o Governo, empresários e trabalhadores para gestão da crise do COVID-19 para que se encontre as melhores medidas para enfrentamento da pandemia protegendo vidas e garantindo empregos.
Representando a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), o presidente Antonio Neto, fez duras críticas a Medida Provisória-927, que promove a desorganização das relações entre empregadores e empregados e vai na contramão das normas trabalhistas internacionais. “As inconstitucionalidades da medida nos preocupa muito. O governo brasileiro ja foi duas vezes repreendido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e será pela terceira vez em razão da maneira que lida com crises econômicas”, afirmou Neto.
O presidente da CSB também defendeu uma maior intervenção do Estado na economia, estratégia adotada por diversas nações a fim de amenizar a crise geradas pelo pandemia do COVID-19. “Até mesmo os países mais liberais do mundo vem se tornando keynesianos: é horas de nos tornarmos keynesianos. Temos que retomar uma situação em que o Estado ocupe o seu papel de auxiliar a indústria, a sociedade civil e ajudar os trabalhadores; andar em consonância ao que a maior parte dos países do mundo estão fazendo”, finalizou.