Central dos Sindicatos Brasileiros

Taxistas de Fortaleza marcam para 11 de maio protesto contra clandestinos

Taxistas de Fortaleza marcam para 11 de maio protesto contra clandestinos

Com apoio da CSB, profissionais se mobilizam para barrar o transporte ilegal

Taxistas profissionais de Fortaleza agendaram para o dia 11 de maio mais uma manifestação contra a atuação de serviços piratas no transporte de passageiros na capital cearense. O ato terá como alvo não apenas o aplicativo Uber, que começou recentemente a atuar no município, mas também grupos clandestinos locais que já oferecem transporte irregular há vários anos em Fortaleza.

O protesto foi definido em encontro realizado na segunda-feira (dia 2) pelo Sindicato dos Taxistas do Ceará (Sinditaxi-CE), com o apoio da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). Ficou decidido que os taxistas se reunirão no dia 11 a partir das 6 horas da manhã na avenida Leste-Oeste, em frente à igreja de Santa Edwiges, no centro de Fortaleza.

“Vamos fazer uma manifestação para esclarecer a sociedade, mas também para exigir que o Poder Executivo cumpra as leis, que coloque a fiscalização nas ruas e apreenda os carros piratas”, afirma Francisco Moura, vice-presidente da CSB e diretor do Sinditaxi-CE. “A lei é bem clara e diz que quem tem o direito de fazer o transporte individual de passageiros são os taxistas regulamentados pela prefeitura. Nós só queremos que o prefeito faça cumprir a lei”, ressalta.

Moura afirma que, mesmo antes da chegada do Uber à cidade, os taxistas de Fortaleza já enfrentam há uma década a concorrência desleal dos piratas. Os motoristas ilegais se articularam de tal forma que, hoje, possuem até mesmo cooperativas clandestinas com centrais de atendimento telefônico que chegam a reunir frotas de 150 veículos.

“A pirataria em Fortaleza não se limita ao Uber. Há mais de dez anos nós temos uma luta aqui contra o chamado ‘táxi amigo’. Esses caras têm aplicativo, centrais de rádio-táxi e circulam em carros de todos os tipos, sem nenhuma identificação”, afirma.

Uma das lutas dos taxistas profissionais é pela elevação da multa que pune o transporte ilegal de passageiros. O valor atual é de R$ 711, considerado muito baixo para coibir a operação clandestina. O Sinditaxi-CE chegou a apresentar a minuta de um projeto de lei que, entre outros pontos, sugeriu a elevação da multa para R$ 2.850, mas não houve avanço na tramitação da proposta na Câmara Municipal.

Como o valor da multa atual é baixo, as cooperativas clandestinas criaram uma estratégia para enfrentar a punição. Elas cobram de todos os motoristas ilegais “cooperados” R$ 10 por mês como uma espécie de “seguro liberdade”. Com isso, quando um carro é apreendido, a própria cooperativa pirata se responsabiliza por pagar a multa e liberar o veículo. “Se a punição fosse elevada, se o valor dobrasse a cada reincidência, isso com certeza não ocorreria”, diz Moura.

Riscos para a sociedade

Para o vice-presidente da CSB, a própria atuação do poder público, que deixou o problema da clandestinidade “correr frouxo” ao longo dos anos, colaborou para que os piratas se multiplicassem. “O prefeito tem ficado muito omisso nesta questão, assistindo a coisa acontecer. Na linguagem popular, ele está acendendo uma vela para Deus e outra para o diabo, tentando agradar os dois lados”, argumenta.

Além de cobrar uma posição mais firme das autoridades, o protesto do dia 11 também servirá para mostrar à sociedade que o transporte ilegal oferece riscos, que incluem a falta de profissionalização dos motoristas e até o uso de veículos despreparados para o serviço. “Nós pagamos nossos impostos, fazemos os cursos exigidos, fazemos as revisões anuais, tiramos certidões criminais. É uma batalha para que possamos atender os passageiros dentro dos padrões”, completa o dirigente.