Nos cinco meses em que o engenheiro Jurandir dos Santos, 36, ficou desempregado, enviou 700 currículos a portais de vagas gratuitos. Mandou também para o do sindicato de sua categoria, mas, por ele, não conseguiu posto. Obteve, porém, orientação de carreira e currículo.
Bancos de talentos de sindicatos ganham força para atrair jovens. A meta é aproximá-los para que estejam mais presentes na entidade.Mas as empresas resistem, diz Antônio Neto, presidente do Sindpd (sindicato dos profissionais de TI). “Elas acham que o profissional é militante e vai se mobilizar.”
Com pouca oferta de vagas, o banco do Sindpd deixou de funcionar no ano passado. Os bancos de currículos de sindicatos atendem principalmente a profissionais que estão em início de carreira.
No CST (Centro de Solidariedade ao Trabalhador), parceria entre o Sindicato dos Metalúrgicos e a Força Sindical, 70% dos candidatos têm ensino médio completo e até um ano de experiência. São cerca de 2.200 cadastros recebidos diariamente.
“[Bancos de currículos] são importantes para profissionais que não têm experiência e qualificação”, diz Willians Ferreira, coordenador do CST. O índice de contratação é de 15%, segundo ele.
“Os profissionais ingressam em nível inicial e conquistam vagas melhores dentro da instituição”, corrobora Nicolino Eugênio Júnior, assessor de relações do trabalho da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
No portal de oportunidades da entidade, dos 50 mil currículos cadastrados, 34,5% são de candidatos com ensino superior completo e 33% de universitários.
Os jovens médicos também recorrem a banco sindical para mapear vagas de trabalho. Das 3.500 inscrições mensais, mais de 50% são de iniciantes, calcula João Paulo Cechinel, secretário do Sindicato dos Médicos de São Paulo.
“É difícil encontrar médicos desempregados, mas há vários deles trabalhando em condições ruins [com salário baixo e jornada estendida].”
REMUNERAÇÃO
A principal reclamação dos profissionais que cadastram currículo em sites de sindicatos é o salário oferecido.
No segundo ano do curso de ciências da computação, Felipe de Melo, 23, cadastrou-se no sindicato da sua categoria para trocar de emprego e ter melhor remuneração.
O retorno veio após sete meses.”Só achava vaga [de analista júnior] com salário baixo [até R$ 1.000], que nem pagava minha faculdade.”
Contratado há um ano como analista de suporte em uma empresa de TI, Melo afirma ganhar R$ 200 a mais do que na empresa anterior.
No banco de currículos do Sindpd, utilizado por Melo, boa parte das vagas trazia salário baixo. O acervo foi encerrado no ano passado e hoje o serviço é oferecido em parceria com Ceat (Centro de Apoio ao Trabalhador).
Fonte: Folha de São Paulo