Apesar do aumento, lutas da categoria não param. Sindicato e outras entidades ligadas à educação buscam um Brasil em que a educação seja de qualidade
A categoria dos professores da educação básica do Município de Carpina, na região da Zona da Mata de Pernambuco, deve ser beneficiada pelo aumento do piso salarial em 8,32% nesta sexta-feira (14). Com o reajuste, o salário que era de R$ 1.567,00 passa a ser de R$ 1.697,37. A conquista da classe só foi possível graças à luta do Sindicato dos Servidores Públicos dos Municípios de Carpina, Tracunhaém, Lagoa do Carro, Paudalho, Araçoiaba, Itaquitinga, Aliança, Vicência, Macaparana, Buenos Aires (SINDEMUC), que enviou ao prefeito o índice de reajuste. A luta da campanha salarial começou no dia primeiro de janeiro, e as reivindicações tiveram como base o piso salarial nacional.
O sindicato acompanhou as negociações com o Ministério da Educação e Cultura (MEC), por isso, quando foi fechada a proposta junto à prefeitura de Carpina, no final de janeiro, o índice era mesmo que o piso nacional. “Não tivemos dificuldades para que o aumento fosse aceito pelo prefeito e pelos vereadores”, explica a vice-presidente da CSB e presidente do SINDEMUC, Maria Mercês. O reajuste será retroativo.
O Projeto de Lei Municipal 003/2014 – com o aumento proposto pelo sindicato – foi enviado à Câmara dos Vereadores, pelo prefeito Carlos Vicente de Arruda (Carlinhos do Moinho), no dia 25 de fevereiro. Essa semana o projeto passou pela avaliação da Comissão de Justiça de Carpina e entrará em votação na sexta-feira. “Temos certeza que aprovação será por unanimidade. Nós do sindicato tivemos, só neste ano, cerca de quatro encontros com o prefeito. Conseguimos abrir um diálogo claro e objetivo com os políticos de Carpina. Não queremos prejudicar o orçamento da cidade, mas também não podemos deixar de lutar por melhores condições de quem cuida da educação”, completa Maria. O sindicato também conseguiu manter os 25% de bonificação salarial para os professores com mais de cinco anos com registro em carteira.
Apesar da conquista, o aumento ainda é considerado aquém do esperado pelo sindicato. “Os professores merecem e precisam de aumento de, no mínimo, 20%, para que seja possível acompanhar a defasagem que os salários tiveram com relação o aumento da inflação. Um professor que recebe R$ 1.697,37 para sustentar uma família com mais de cinco pessoas muitas vezes passa por privações. Como a educação vai conquistar qualidade se os professores não possuem motivações ou apoio do governo para aperfeiçoamento e reciclagem?”, questiona a presidente do sindicato.
Greve Nacional
Um novo ciclo na condução da luta dos trabalhadores e trabalhadoras da educação de Pernambuco e do Brasil inicia-se. Apesar da conquista em Carpina, os outros municípios da região reivindicam maior aumento salarial, como em Lagoa do Carro, onde não há reajuste para os professores desde 2010. Em Macaparana, a prefeitura deixou de pagar a bonificação há dois anos.
Desta forma, o SINSEMUC aderiu à greve nacional proposta pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e convoca a categoria dos professores municipais e estaduais para paralisação nos próximos dias 17, 18 e 19 de março. Umas das principais bandeiras de luta é a nacionalização da carreira dos profissionais da educação e a criação do Fundo de Equalização e Vinculação dos Royalties no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). “Nós conseguimos um aumento de 8,32%, no entanto dados já consolidados do Fundeb, até novembro de 2013, apontam que o aumento deveria ser de aproximadamente 15%. Esse seria o mínimo, mas nós precisamos de pelo menos 20% de aumento real”, diz Maria Mercês.
Conheça as reivindicações do SINSEMUC:
– Educação pública de qualidade;
-Criação do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos PCCV para os servidores de Carpina,
Aliança, Buenos Aires, Tracunhaém e Lagoa do Carro;
– Retorno da gratificação da docência;
– Piso Salarial Nacional com aumento de 20% e valorização do magistério.