Iniciativa da Enap promoveu debates e curso sobre empoderamento da mulher na administração pública junto à instituição francesa
Para discutir empoderamento feminino no poder público e analisar práticas mundiais de políticas de gêneros, a Secretaria da Mulher Trabalhadora da CSB participou do programa “Café com Debate – Desafios para a Igualdade de Gênero na Administração Pública – Diálogo Internacional Brasil/ França”. O evento aconteceu, na última quarta-feira (1º), no auditório da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), em Brasília.
Parte do curso “Liderança Feminina: Estratégias para o fortalecimento de competências”, promovido pela instituição, a discussão contou com a parceria da École Nationale d’Administration francesa e do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE), que enviaram as respectivas diretoras Nathalie Loiseau e Sônia Regina Guimarães Gomes para falar sobre os desafios e as perspectivas da construção de uma cultura equitativa no Brasil.
Para as diretoras e a Enap, existe no País uma demanda urgente ao debate sobre a autonomia e a segurança física e financeira da mulher, exigindo uma mudança estratégica imprescindível nas políticas públicas brasileiras. Ainda de acordo com a Escola de Administração, “a baixa representação das mulheres nos órgãos de decisão reflete os esforços necessários para alcançar a igualdade profissionais entre homens e mulheres”.
“O Brasil tem enfrentado o desafio de promover o fortalecimento e a participação das mulheres nos espaços de poder e decisão de forma ampla, com base no entendimento de que a sub-representação das mulheres nos espaços de poder e decisão tem diversas causas. Cabe, [portanto, às trabalhadoras], mas também às organizações, desenvolver suas habilidades de liderança para que sejam mais envolvidas na tomada de decisão e sua legitimidade seja de fato reconhecida”, defendeu a instituição em nota publicada no site oficial da Enap.
Presente no debate e participante do curso, a secretária da Mulher Trabalhadora da CSB, Antonieta de Faria (Tieta), destaca que a educação é um dos principais caminhos na busca pela igualdade entre os sexos. Para exemplificar o argumento, a dirigente relembra a realidade francesa.
“Durante as palestras e aulas, nós percebemos que os mesmos problemas enfrentados aqui são vividos na França. Porém, ainda assim, eles estão um passo à frente do nosso País quando se fala em educação. No Brasil, nós precisamos educar nossas crianças com uma visão mais ampla, com o intuito de educar seres humanos sem a discriminação enraizada”, diz a sindicialista.
Tieta também ressalta que a participação das mulheres no movimento sindical é essencial para assegurar que a voz feminina seja ouvida no mercado de trabalho. Segundo a dirigente, o propósito não é formar uma oposição aos homens, e sim “caminhar ao lado, trabalhar junto”.
“O que os sindicatos podem fazer é ter mais companheiras em suas diretorias, com importância decisiva nas ações. Nós precisamos ampliar essa participação. Exemplos disso é o Sindicato dos Servidores do Ipsemg (SISIPSEMG), que há quase vinte anos é dirigido por mulheres por escolha da categoria, e a CSB. Hoje, a Central nos dá o empoderamento ao permitir nós irmos a campo e fazermos nossa luta”, conta a secretária da Mulher Trabalhadora e a diretora de Relações Sindicais Institucionais do SISIPSEMG.
Beatriz Elias da Silva, 2ª secretária da Mulher Trabalhadora da CSB, ainda ressalta que a bandeira de luta das brasileiras não é por um direito isolado, mas pelo cumprimento da Carta Magna de 1988. “Lutamos por aquilo que os direitos humanos e a Constituição Federal determinam: paridade, equilíbrio, igualdade. O mundo pede isso. No mercado de trabalho, nós somos a maioria e as mais exploradas. As leis trabalhistas estão começando a mudar agora em benefício das mulheres, mas até então só privilegiaram os homens”, argumenta a dirigente.
Ainda segundo a sindicalista, durante o evento, as participantes foram alertadas de que “o mundo está olhando para o Brasil neste momento”. “Nossa política de gênero está servindo como espelho ao mundo todo. Este pouco tempo em que nós trabalhamos pelas políticas de gênero já foram importantes”, afirma.
Ao final do evento, o microfone foi aberto a todos os presentes para a formulação de questões às palestrantes. Dentre os temas abordados pelos presentes, licença-maternidade e representatividade da mulher negra em altos cargos da administração pública foram os destaques.
Curso
Desenvolvido para o cronograma de atividades comemorativas dos 30 anos da Enap, o curso sobre liderança feminina ocorreu, entre os dias 01 e 03/06, na própria Escola, e teve como objetivo a troca de experiências dos participantes por meio de discussões teóricas e exercícios práticos.
De acordo com a presidente do SISIPSEMG e membro da direção nacional da CSB, Maria Abadia, promover ações de qualificação voltadas às mulheres é uma das principais maneiras de alavancar as brasileiras a posições de liderança. Ainda segundo a dirigente, “as mulheres precisam ocupar seus espaços e, para isso, as trabalhadoras necessitam aprender e aprimorar suas habilidades como líderes”.
As aulas, ministradas pela professora da École Nationale d’Administration e especialista em mentoring, Gisèle Szczyglak, dissertaram a respeito do retrato ideal do líder, dos obstáculos às carreiras das mulheres e da construção de redes e estratégias de aliança.