Central dos Sindicatos Brasileiros

Secretaria da Mulher Trabalhadora da CSB participa de intercâmbio de boas práticas em Seminário Internacional da ONU

Secretaria da Mulher Trabalhadora da CSB participa de intercâmbio de boas práticas em Seminário Internacional da ONU

Empoderamento da mulher, autonomia financeira feminina e equidade de gênero foram foco do evento e da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, realizada na mesma semana

A ONU Mulheres promoveu, nos dias 09 e 10/05, mais uma iniciativa em prol do debate sobre políticas públicas e empoderamento feminino. No Seminário Internacional “Transformar Economias, Realizar Direitos: Oportunidades e Desafios para a Igualdade de Gênero”, a presença da mulher no mercado de trabalho, previdência rural e consolidação de programas sociais foram os principais eixos temáticos do evento. A Secretaria da Mulher Trabalhadora da CSB participou das discussões que ocorreram, na Escola Nacional de Administração Pública (ENAP), em Brasília.

Com o objetivo de incentivar o intercâmbio de boas práticas e experiências nas políticas macroeconômicas e sociais brasileiras e internacionais, três painéis, mesas de debates e mais uma palestra foram realizados entre gestoras e lideranças públicas de todo o Brasil e especialistas nacionais, uruguaias e moçambicanas. Durante o Seminário, Alma Espino, pesquisadora da Facultad de Ciencias Económicas y de Administración – Udelar, do Uruguai; Tatau Godinho, então secretária de Direito do Trabalho e Autonomia Financeira; Célia Watanabe, ex-diretora de Política para as Mulheres Rurais; e Janine Mello, ex-representante da Casa Civil, expuseram os assuntos.

De acordo com a 2ª secretária da Mulher Trabalhadora da Central, Beatriz Elias da Silva, o evento é um ato “importantíssimo” para o planejamento de políticas destinadas às mulheres. “O Poder Executivo cria a política, e nós, dos movimentos sindicais e sociais, nos mobilizamos para garantir a sua implantação”, explica a dirigente que esteve presente no encontro.

Para Beatriz, “o papel dos debates também se encontra no objetivo de melhorar a condição do mercado de trabalho à mulher a partir de uma perspectiva macroeconômica, porque a mulher trabalhadora também é consumidora”. “Hoje, por exemplo, já temos a Casa da Mulher Brasileira, a Lei Maria da Penha, a Lei de Feminicídio e a Lei das Empregadas Domésticas”, destaca.

Promulgada em 2015, a Lei Complementar 150 regulamentou a PEC das Domésticas, tornando obrigatório, dentre outros benefícios, o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o pagamento de adicional noturno e o acesso ao seguro-desemprego. Após a sanção da LC, 8% do salário do trabalhador que presta serviço doméstico duas vezes na semana, na mesma residência, também são destinados ao Fundo de Garantia, 3,2% ao pagamento antecipado da multa rescisória, 0,8% ao seguro contra acidentes e 8% à aposentadoria – demonstrações de avanços segundo a secretária da CSB.

“O País progrediu nas partes principais porque, quando você consegue que uma mulher empregada doméstica (a maioria, negras) passe a ter carteira assinada, a ser reconhecida como trabalhadora, é de uma grandiosidade ideológica, política e econômica. As nossas leis trabalhistas são umas das mais eficazes do mundo. Ainda falta muita coisa? Falta, mas não podemos recuar como sociedade. Nós, trabalhadoras, estamos em maior número no Brasil e não podemos ficar invisíveis”, conclama a sindicalista.

Relatório Global e Encarte Brasil

No evento, a diretora regional da ONU Mulheres para Américas e Caribe, Luiza Carvalho, ainda apresentou o relatório global “O Progresso das Mulheres no Mundo – Transformar as Economias, Realizar Direitos 2015-2016” – base do Encarte Brasil, também lançado durante o seminário. O documento divulga dados sobre “como as economias falharam em garantir às mulheres o seu empoderamento e o pleno exercício dos seus direitos econômicos e sociais tanto em países ricos como em países pobres” segundo a Organização das Nações Unidas.

Conforme o órgão, apenas metade das mulheres compõem a força de trabalho mundial contra três quartos dos homens. Das que fazem parte dos cidadãos ativos, 59% estão no mercado informal apesar do crescimento da participação feminina da América Latina e Caribe no mercado de trabalho. De 1990 a 2013, a porcentagem subiu de 40% para 54%, ainda abaixo dos 80% alcançados pela classe trabalhadora masculina.

Para recuperar este quadro, o órgão defende uma reforma das economias. “A transformação das economias para fazer com que os direitos das mulheres se tornem realidade é possível mediante a formulação de políticas econômicas e de direitos humanos que promovam mudanças de grande alcance”, sugere a entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres.

No caso do Brasil, o protagonismo do País registrado no aumento da formalização de direitos trabalhistas por meio da carteira assinada e do ganho real de 76,5% das mulheres no salário mínimo levou à elaboração do Encarte “Mais igualdades para as mulheres brasileiras: caminhos de transformação econômica e social”. Editado pela ONU Mulheres Brasil, o conteúdo “revisa estratégias do governo federal”.

Focado na análise de programas que contribuíram para a redução das desigualdades sociais, de gênero, raça e etnia, o Encarte Brasil ressalta “iniciativas inclusivas”, como o Bolsa Família; o Plano Brasil Sem Miséria; o Minha Casa, Minha Vida; Brasil Carinhoso; Luz para Todos; a Rede de Assistência Social; o Programa Equidade de Gênero e Raça para empresas; o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e as políticas sobre envelhecimento populacional.

Beatriz Elias da Silva, secretária da CSB, ainda relembra o trabalho de cinco anos realizado pela pesquisadora Walquíria Leão Rego, que registrou a importância e a autonomia feminina promovidas pelo Bolsa Família a mulheres dos cinco maiores bolsões de pobreza do País. A pesquisa “Vozes do Bolsa Família – Autonomia, dinheiro e cidadania” foi feita junto a Alessandro Pinzani e publicada pela editora Unesp.

Além da ONU, o Seminário Internacioal foi organizado pela antiga formação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fomes (MDS), do Ministério das Mulheres, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e governo federal.

As então ministras do Desenvolvimento e da pasta das Mulheres, Tereza Campelo e Nilma Gomes, respectivamente; o diretor da ABC, o embaixador João Almino; a diretora de Formação Profissional da ENAP, Stela Reis e o coordenador residente das Nações Unidas no Brasil, Niky Fabiancic, também estiveram na sétima edição do evento.

4ª Conferência Nacional

A Secretaria da Mulher Trabalhadora da CSB participou, dos dias 10 a 13/05, da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres em Brasília. Sob o lema “Mais Direitos, Participação e Pode para as Mulheres”, as delegadas presentes exigiram a manutenção das conquistas de gênero.

“Houve vários eixos temáticos a respeito dos direitos, diversidades e estruturas institucionais voltadas às mulheres. O Brasil, como exposto no seminário da ONU, é um país de referência em relação ao avanço de políticas nos últimos anos. Então, em suma, é uma vitória reunir quatro ou cinco mil mulheres, no mesmo espaço, dialogando sobre a realidade de brasileiras de todos os tipos, desde a urbana até a ribeirinha”, afirma Beatriz Elias da Silva, também participante da Conferência.