Agenor “Cacá” Pereira acredita que após inauguração da sede em Curitiba, sindicatos filiados terão uma referência na defesa da classe operária no estado
Prestes a inaugurar sua sede, a Seccional Paraná da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), que tem em sua liderança Agenor Pereira, o Cacá, realizou seu congresso estadual em maio de 2017. Após 10 meses de gestão, o presidente acredita que a chegada da sede será uma referência para os sindicatos filiados e para as entidades que chegarão.
Cacá também acredita que os sindicatos são as únicas entidades que podem representar verdadeiramente os trabalhadores. Por isso, para ele, os trabalhadores deveriam fortalecer e acompanhar mais as entidades sindicais.
Confira a entrevista com o presidente da Seccional.
1- Qual avaliação você faz desses meses pós congresso estadual?
Cacá Pereira – Nós não tínhamos uma referência de endereço, uma sede exclusiva para atendimento aos sindicatos que já estão filiados, para que eles se sentissem prestigiados. Uma entidade que já tinha receita, mas que estava devendo um retorno para os sindicatos filiados. Tendo uma referência, uma vez que acaba disponibilizando mais estrutura e mais condições, será menos difícil para agregarmos mais entidades e podermos fazer mais trabalhos. Só o fato de hoje ter uma pessoa disponível para conversar diariamente e intermediar, além de ter uma sede onde podem se reunir ou [se] dirigir para poder discutir assuntos de âmbito político ou específico da sua categoria, já é um avanço tremendo.
2- Quais foram os maiores desafios enfrentados neste período?
C.P. – Os maiores desafios é a gente buscar caminhos de sobrevivência, porém acreditar em todos os trabalhos que estão sendo feitos, juridicamente falando, no que diz respeito ao custeio. Paralelamente, não podemos parar e temos que buscar fontes alternativas e lícitas de sobrevivência. Buscar parcerias e convênios que sejam subsidiados para que os sindicatos sobrevivam. Nós estamos em um ano político, onde o desafio maior é refletir na hora de apoiar. Tivemos na última eleição muitos traidores. Este é o maior desfio.
3- Além da inauguração da sede, quais os planos para o futuro da Seccional?
C.P. – A ideia é buscar novos filiados, porém dando atenção diária para os que já estão. Para isso, precisamos ter uma estrutura. Vamos participar de várias frentes de representatividade, seja política, seja em conselhos, ou seja, com a forma possível que for, mas não medindo esforços neste sentido de participação. Depois de inaugurar a sede, nós vamos a campo e começar a dialogar com as entidades para que elas reflitam a importância de estar em uma central, e as que já tiverem uma central, mostrar a importância da CSB na conjuntura, pela sua posição firme, séria e com a bandeira dos trabalhadores, não se curvando com qualquer proposta, que não seja de interesse coletivo. E também refletir juntos aos nossos representados a importância deles estarem colocando o nome deles como candidatos ou conosco apoiando candidatos neste pleito, seja o cargo que for, mas estar participando diretamente.
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4- Você fez um link entre o crescimento da Seccional com a inauguração da sede, que acontece este mês. O que a sede vai proporcionar às entidades filiadas?
C.P. – Algumas entidades não tinham referência de estar entrando em contato conosco para poder sanar algumas dúvidas, ainda que algumas são específicas da categoria, mas ela não tinha essa referência. Hoje elas ligam na Seccional, tiram informação, enviam documentos que nós encaminhamos para os órgãos competentes, principalmente quando a entidade é do interior nós fazemos este meio de campo para elas. Existe a possibilidade de estarmos sendo uma incubadora, onde outras entidades que não tenham condições de manter uma sede, mas que precisam ter uma referência de endereço ficariam nesta incubadora, que fica anexa à sede da Seccional. A outra possibilidade é a gente fazer um alojamento, pois a sede é grande, para que as entidades do interior, que venham resolver problemas na capital, possam ter condições de pernoitar, evitando de ter despesas, mesmo porque muitas não têm condições.
5- Quais foram as ações às quais a Seccional se envolveu após o congresso estadual?
C.P. – A manifestação de nível municipal contra o pacote de retirada de direitos dos servidores, a qual a CSB se fez presente, dizendo que não concordava com isso, eu, na condição de parlamentar em nível municipal, votei contra todo e qualquer retirada de direito do trabalhador, em uma posição clara, que nós representamos entidades que representam os trabalhadores, e não vamos nos curvar a propostas e a quaisquer benesses. Eu abri mão de todas essas propostas e benesses que estavam me ofertando a troco de realmente representar os trabalhadores. Por isso, nós participamos, sim, de protestos, manifestações contra retirada de direito dos trabalhadores do município de Curitiba.
6- Você acredita que a Seccional esteja preparada para o enfretamento caso a reforma da Previdência volte para pauta de votação?
C.P. – Do ponto de vista de mobilizar, sim. Neste ano político, eu duvido que venha para pauta este projeto, seria um tiro no pé dos parlamentares.
7- E em relação à reforma trabalhista, que tipos de medidas a Seccional tomou para minimizar as perdas dos sindicatos filiados?
C.P. – Confesso que temos que caminhar para melhorar porque efetivamente eu diria que as entidades nos procuraram pouco neste sentido, mas acho que precisamos criar fontes de receitas alternativas. Tivemos um seminário muito importante que foi sobre a reforma, onde convidamos as entidades filiadas e outras não filiadas para conhecer o nosso trabalho.
8- Além da sede, quais são os planos para o futuro?
C.P. – Começamos a lotear representantes em conselhos estaduais. No trabalho, saúde, cultura e esporte, nós queremos levar dirigentes sindicais que representem a CSB. A meta é também participar ativamente dos conselhos estaduais e nos municípios; as entidades que quiserem somar neste sentido, é importante.
9- Que recado você deixa para os trabalhadores?
C.P. – Em meio às poucas alternativas de instituições sérias, eu diria que a única chama-se sindicato. O sindicato, ele quem vai negociar, pois o trabalhador não consegue negociar com o empresário. Eu diria para os trabalhadores que hoje eles precisam fortalecer os sindicatos se filiando e realmente passando a acompanhar o dia a dia. Esta é a melhor maneira de representar seu direito e garanti-lo para que ainda não tenhamos um prejuízo maior do que tivemos com os políticos, que lá foram colocados e lamentavelmente votaram contra os trabalhadores.
10- O que esperar para este ano de 2018?
C.P. – Eu tenho que ser otimista, eu espero que nós tenhamos representantes sérios descompromissados com quaisquer atos ilícitos e corruptos, que esteja compromissado com atos de interesse coletivo, em especial com interesse dos trabalhadores do nosso País. E que a partir desta condição tenhamos um governo eleito democraticamente. Que este governo pense na população e trabalhe.