Em reunião na Câmara dos Deputados, em Brasília, representantes dos caminhoneiros de todo o país criaram o Fórum Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas, no dia 8 de agosto. O grupo tem o objetivo de discutir os problemas e interesses da categoria.
A formação do comitê coincide com o fim da greve do setor, ocorrido após acordo feito entre os sindicalistas e o governo federal. Integram o fórum autoridades do Ministério dos Transportes, do Ministério do Trabalho e Emprego e da Polícia Rodoviária Federal.
A principal reivindicação da classe dos caminhoneiros gira em torno da carga horária de trabalho. A lei 12.619, que entrou em vigor em agosto, determina que os motoristas, obrigatoriamente, descansem 11 horas por dia e não ultrapassem 4 horas de trabalho sem repouso.
O coordenador do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC/RS) e presidente do Sindicato dos Transportes Autônomos de Carga de Santa Maria/RS, Região e Fronteira (Sinditac), Marco Antonio Scherer, acredita que, nos moldes atuais, a aplicação da lei trará prejuízos ao setor. “As despesas de um caminhoneiro são pagas, em média, com 15 ou 17 horas de trabalho por dia. A redução da jornada, sem a infraestrutura necessária, diminuirá o faturamento mensal de 35% a 40%, em média”.
Segundo ele, para que a determinação seja cumprida, muitos investimentos devem ser feitos. “Precisamos de pontos de parada seguros. Além disso, o valor de tributos e pedágios tem que ser reduzidos. Só assim o trabalhador poderá se sustentar trabalhando menos horas”, afirmou.
De acordo com Scherer, o frete também precisa ser revisto. “Nos Estados Unidos paga-se de R$ 4 a R$ 5 reais por quilômetro. Aqui no Brasil, o motorista recebe, mais ou menos, R$ 1,80. É um absurdo”.
Segundo informações divulgadas no site da Câmara dos Deputados, o deputado Nelson Marquezelli, coordenador do fórum, se comprometeu a apresentar projetos de lei que contemplem essas reivindicações.
Manifestações
No dia 6 de agosto, uma caravana de caminhoneiros saiu do Rio Grande do Sul (das cidades de Santa Maria, São Sepé, Júlio de Castilhos, Palmeira das Missões, Formigueiro, Ronda Alta, Ijuí) rumo a Brasília. O grupo, formado por mais de 40 pessoas, fez uma vigília enquanto acontecia, já no dia 8, uma reunião da classe com representantes do governo na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para negociar a fiscalização da carga horária imposta pela lei.