As manchetes foram vibrantes: “Brasil gera 644 mil empregos formais em 2019, melhor resultado em 6 anos”
Reflete dois fenômenos. O primeiro, a necessidade de destacar notícias positivas na economia. A segunda, a queda brutal da dimensão das expectativas no país.
Compare a euforia de Rogério Marinho, braço direito de Paulo Guedes, no Twitter. Agora, debruce-se sobre o quadro real.
A toda crise aguda se segue um processo rápido de recuperação, a menos que seja provocado por descontroles nas contas externas. No caso brasileiro, a recuperação não ocorreu até hoje. A tragédia econômica é fruto do trabalho somado dos governos Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro, e de seus gênios das finanças, Joaquim Levy, Henrique Meirelles e Paulo Guedes.
Em comum, os três colocaram em prática a mesma receita econômica, de proceder a choques fiscais, tarifários, sem deixar a economia com nenhuma alavanca de crescimento.
Vamos a outras maneiras de ler os dados.
O CAGED mede o emprego formal no Brasil.
Em 2019, houve a criação de 644.029 empregos formais, daí a manchete retumbante. O setor que mais empregou foi Serviços; o que menos empregou foi a Administração Pública.
Mas se esticar a análise para 2014, percebe-se o tamanho da tragédia brasileira. De lá para cá houve a redução de 1.314.571 empregos formais. Desse total, a Indústria de Transformação – aquela com mais efeito multiplicador na economia – desempregou 1.094.1253 pessoas. Dos 8 setores da economia, 5 registraram saldo negativo e em apenas 3 a geração de empregos foi positiva.
Mas não apenas isso. De 2014 para cá, a PEA (População Economicamente Ativa) aumentou 7,23%. Para manter o mesmo nível de 2014, o estoque de empregos formais deveria estar em 41,7 milhões de carteiras assinadas: está em apenas 39 milhões, ou 6,54% abaixo de onde deveria estar.
Medindo-se apenas o estoque total de emprego, sem o indexador de crescimento da PEA, percebe-se que houve uma recuperação do emprego formal, a partir de 2016. Mas com a nova lei trabalhista, houve queda no estoque total. A diferença foi para a informalidade.
Nessa composição negativa, o baque maior, além da Indústria de Transformação, foi na Construção Civil.
Quando se abre pelos subsetores, percebe-se que o maior dinamismo veio do comércio ou de empresas de serviços.
Mas o ponto central de comparação é quando se junta, pelo IBGE, os dados de desemprego e precarização do trabalho. Ai a tragédia se completa, e a relação sobre a Força de Trabalho salta de 23,7% em 2014 para 47,7% em 2019.
Fonte: GGN
Link: A falsa comemoração de números trágicos