A prisão do ex-prefeito de Uberlândia (MG), Gilmar Machado/PT (foto), durante operação da Polícia Federal (PF) denominada “Encilhamento” e desencadeada na semana passada, expôs um tipo de fraude que prejudica enormemente o servidor público municipal, já que o foco principal são as irregularidades envolvendo a aplicação de recursos de institutos previdenciários dos servidores em fundos de investimento. Na cidade também foram presos o ex-superintendente do Instituto de Previdência Municipal de Uberlândia (IPREMU), Marcos Botelho, e dois ex-integrantes do Comitê de Investimento do instituto, Cláudio Roberto Barbosa e Mônica Silva Resende de Andrade – E os quatro serão indiciados por fraude do mercado financeiro, lavagem de dinheiro e fraude à licitação.
“Lamentavelmente quem fica com o prejuízo é o servidor que contribuiu para a previdência, acreditando que faria jus a uma remuneração justa depois da sua aposentadoria. Daremos todas as informações e apoio para o instituto para que tentem reaver alguns desses valores, mas é bastante complexo porque o dinheiro está pulverizado no mercado financeiro”, afirmou o delegado da Polícia Federal, Carlos Henrique Cotta D’Ângelo.
Segundo as investigações da Polícia Federal o prejuízo aproximado é de pelo menos R$ 300 milhões aos cofres do IPREMU. O delegado D’Ângelo explicou que o Instituto mantinha cerca de 98% dos investimentos em bancos oficiais. Mas durante a gestão do ex-prefeito Gilmar Machado, uma nova consultoria foi contratada e passou-se a investir em títulos emitidos sem valor real.
Ainda de acordo com o delegado, a consultoria está ligada a um grupo do mercado financeiro de São Paulo e foi contratada de forma ilícita, configurando crime de fraude à licitação. Os consultores indicavam ao IPREMU a retirada do dinheiro dos fundos oficiais para realocá-lo na compra de títulos podres.
Os servidores do Instituto que foram contrários ao procedimento na época dos fatos foram exonerados pelo então prefeito e uma nova comissão foi formada para a gestão do instituto previdenciário. Em 2016, aproximadamente 50% dos investimentos passaram a ser em títulos podres.
Fonte: FESERP/MG