Em Porto Alegre, servidores continuam mobilizados contra precarização imposta pelo prefeito Nelson Marchezan

Categoria luta contra o fim do parcelamento dos salários, a terceirização na assistência social e a precarização nos serviços de saúde, educação e transporte

Os servidores municipais de Porto Alegres (RS) continuam mobilizados contra o pacote de ajustes do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB). Na última quinta-feira (31), milhares de pessoas voltaram às ruas do centro da capital gaúcha para o Ato em Defesa de Porto Alegre, que protestou contra as medidas do prefeito nas áreas da educação, assistência social, do transporte público, da saúde e contra o parcelamento dos salários dos servidores do município.

A administração municipal parcelará, pelo terceiro mês consecutivo, os salários dos servidores. Apenas os trabalhadores que recebem até R$ 3,3 mil, o que contempla somente 47% do total dos funcionários, receberam seus vencimentos.  Segundo a prefeitura, faltam R$ 58 milhões para o pagamento dos servidores. Eliane Gerber, 1ª secretária da Mulher Trabalhadora da CSB e presidente do Sindicato dos Assistentes Sociais no estado do Rio Grande do Sul (SASERS), participou do ato e criticou a atitude do prefeito.

“No mesmo dia que anunciou o atraso nos salários, Marchezan anunciou que os devedores de IPTU serão adicionados na lista do SPC [Serviço de Proteção ao Crédito]”, explica.

O aumento da contribuição previdenciária dos servidores é outro ponto de reivindicação por parte da categoria. A alíquota passará de 11% para 14%, e, de acordo com Eliane, o aumento de 3 pontos percentuais “não tem respaldo técnico e é um ataque aos trabalhadores”.

A CSB, outras centrais, sindicatos, movimentos sociais, alguns vereadores e deputados saíram em caminhada pelas ruas de Porto Alegre após o ato em frente ao Paço Municipal. Esta é mais uma mobilização dos servidores, que já haviam tomado as ruas da capital gaúcha no final de julho (leia mais).

Sob a justificativa de “buscar um impacto menor em reajustes futuros da passagem de ônibus”, a administração de Marchezan Júnior retirou o direito à segunda passagem gratuita no sistema de transporte a 51 mil passageiros por dia, o que corresponde a 11% dos usuários do transporte coletivo.

Para Eliane Gerber, as críticas ao prefeito são unânimes. “O Marchezan é um prefeito que vem desagradando todo mundo, a população e os municipários. Ele tirou a segunda passagem de ônibus, precarizou toda a assistência social, e 22 mil famílias sem atendimento”, critica a dirigente em referência à redução de 43,2% no quadro de funcionários dos 22 Centros de Referência de Assistência Social (Cras).

A 1ª secretária da Mulher da CSB reitera que a prefeitura vai terceirizar a assistência social na capital ao assinar parceria com uma empresa para contratar 117 profissionais para os Centros de Referência em Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas).

“Sem os técnicos sociais, não tem como fazer acompanhamento das famílias, e precisa disso porque esse programa faz interface com educação, saúde, prejudica toda a rede”, lamenta Eliane Gerber.

A dirigente é categórica ao afirmar que Marchezan “usa métodos de terrorismo em vez de diálogo com os servidores públicos”. “O prefeito ignora a população, o que provoca muita angústia e incerteza. É a política de deixar ficar ruim para privatizar”, dispara.

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