Todos os estados participaram da marcha da categoria contra o sucateamento da Polícia Federal; ministro Gilberto Carvalho se comprometeu a ajudar na luta dos agentes
As 72 horas de mobilização dos policiais federais – organizada pela Fenapef e seus sindicatos ‑ para reivindicar junto ao governo reajuste salarial e melhores condições de trabalho para a categoria teve a participação de todos os estados.
O ponto alto do movimento foi a passeata realizada ontem (12), que contou com quase mil agentes concentrados em frente ao Ministério da Justiça. Juntos, os policiais caminharam pela Esplanada dos Ministérios até a Praça dos Três Poderes. Até às 20h, a categoria permaneceu em vigília na tentativa de sensibilizar o governo sobre o boicote e o descaso com a realidade dos policiais federais. Cinco imensos elefantes brancos infláveis fizeram parte da manifestação; os animais representavam as críticas à segurança pública brasileira.
Flávio Werneck, vice-presidente da CSB, diretor da Fenapef e presidente do Sindipol-DF, foi um dos líderes do movimento e está otimista com os resultados da mobilização. “A passeata foi muito produtiva. Tivemos a adesão maciça dos policiais de Brasília e grande participação de agentes de todos os estados. Temos a certeza de que a união dos trabalhadores é fundamental para a nossa luta”, afirmou.
A categoria luta pela recomposição inflacionária nos salários dos últimos sete anos e pela criação de um projeto de lei que estabeleça as atribuições dos agentes. “Reivindicamos a reposição inflacionária, pois os salários estão congelados há sete anos. Também queremos que se faça um rol de atribuições dos policiais federais em um projeto de lei, porque hoje não há definição sobre o que os policiais devem fazer”, explicou Werneck.
Reunião com Gilberto Carvalho
Um dia antes da marcha dos policiais federais, representantes da categoria se reuniram com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para encaminhar as reivindicações dos trabalhadores.
Flávio Werneck participou do encontro e disse que as duas principais bandeiras da categoria serão analisadas pelo governo. “A reunião reabriu um canal de diálogo com o governo de forma mais efetiva; isso foi um ponto positivo. O ministro já conhecia os nossos problemas e se comprometeu a achar uma solução”, explicou.
Entretanto o dirigente afirma que esperava uma resposta mais concreta do governo. “Já estamos esperando há sete anos pela reposição salarial, por isso queríamos algo mais factível por parte do ministro, uma tentativa direta de resolver o problema”, lamentou Werneck.
Gilberto Carvalho se reunirá com os Ministérios do Planejamento e da Justiça para analisar as reivindicações. Está marcada para a próxima segunda-feira, dia 17, uma reunião para que o ministro apresente aos policiais federais uma proposta concreta de resolução dos problemas.
Além do vice-presidente da CSB, participaram da reunião com o ministro Gilberto Carvalho o presidente da Fenapef, Jones Borges Leal, o vice, Luis Antônio de Araújo Boudens e dirigentes da Polícia Federal de Alagoas.
Urgência
A mobilização seguirá no dia de hoje (13) em todos os estados. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), houve perda de 38% no poder aquisitivo dos policiais federais nos últimos anos. Na análise do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), a perda chega a 42%.
O cronograma de mobilização organizado pela Fenapef e seus sindicatos tem o objetivo de informar a sociedade e a imprensa sobre os reais motivos da paralisação da categoria. “A mobilização está surtindo efeito. Nossas bandeias são uma exigência da Constituição Federal, que determina que o governo nos dê, pelo menos, a recomposição inflacionária”, ressaltou Flávio Werneck. “A sociedade está nos apoiando e o calendário de eventos de mobilização está nos ajudando nessa empreitada”, concluiu.
Leia aqui a matéria sobre o apoio da CSB à mobilização dos policiais federais.