Policiais Doentes

Perdemos recentemente uma colega policial civil que cometeu suicídio. Não foi uma tragédia isolada. Infelizmente, passamos por um problema sério: os policiais civis estão adoecendo e não há preocupações ou cuidados adequados para conosco. Somos tratados como peças que podem ser repostas e isso não é o adequado. Mesmo a fábrica das peças (concursos públicos) não tem funcionado como deveria. A equação é perversa. Temos uma das profissões mais estressantes do mundo; a violência está aumentando; a população cresce; o número de policiais civis está se reduzindo. A sobrecarga é real e vem, muitas vezes, acompanhada de assédio moral. Todos sofrem.

Quais são as doenças que mais acometem os policiais em Goiás? Sabemos que são psicológicas, por vezes psiquiátricas, combinadas com patologias físicas. Mas onde estão os números? Eles simplesmente não existem porque não há estudos nesse sentido. Sem isso, como as autoridades saberão como enfrentar esse problema? Se ele não for enfrentado, jamais será resolvido. E isso deve ser feito com inteligência, com estudos e estratégia.

Já adianto o que pode ser feito, atacar o assédio moral. Ele acontece quando, por exemplo, um policial tem de trabalhar horas a mais. Muitas vezes, esse trabalho extra não é compensado nem com folga nem com pagamento de hora extra. Se reclama, é ameaçado de ser levado à Corregedoria. Ora, a Corregedoria é necessária para punir más condutas, mas não pode ser usada como forma de ameaça ou pressão. Temos tido também muitas remoções indevidas, por esse mesmo motivo. É pressão demais.

Sem contar que faltam móveis, ambiente de trabalho adequado, falta estrutura. Para completar, teremos em breve a entrada de novos policiais civis, agentes e escrivães, aprovados no concurso público homologado neste mês, que receberão um salário irrisório. Já não ganhamos um salário digno de nossa profissão, do que ela representa para a sociedade. E vai ficar pior. Com todos esses fatores se somando, casos de doenças e outros mais extremos sempre acontecerão.

É o momento de pensarmos em que polícia queremos. E essa deve ser uma reflexão não apenas das autoridades ou do sindicato. Essa é uma discussão que deve envolver a sociedade, que é quem mais fica exposta aos problemas e à insegurança. E temos de falar sobre isso agora. Não há tempo a perder.

Fonte: O Popular – Por Paulo Sérgio Alves Araújo, presidente do SINPOL/GO

Compartilhe:

Leia mais
centrais sindicais no g20 social rio de janeiro
G20 Social: centrais sindicais lançam documento com propostas para redução das desigualdades
Antonio Neto fala sobre Sindplay no Sindimais 2024
Sindplay é destaque de inovação no Sindimais 2024: 'na crise emergem as grandes ideias'
Chapa 1 fenapef
Chapa 1 vence eleição para diretoria da Fenapef com 62% dos votos válidos; veja resultados
STF pauta ações trabalhistas
Servidores públicos podem ser contratados via CLT e outros regimes, valida STF; entenda
reunião juizes de paz bahia csb
CSB-BA apoia regulamentação da profissão de juiz de paz em reunião com governo do estado
pesquisa prioridades profissinais de TI Fenati
Fenati chama profissionais de TI para definir prioridades de atuação dos sindicatos; saiba
juros altos famílias endividadas
Juros altos mantêm famílias endividadas, diz CNC; Copom deve elevar Selic
audiencia ministério do trabalho prevenção acidentes motociclistas
Audiência no MTE discute prevenção de acidentes com motociclistas profissionais
Debate ALMG PL 2238 servidores Ipsemg
Na ALGM, Sindicato dos Servidores do Ipsemg defende valorização da carreira
Luiz Marinho nega mudança seguro-desemprego
"Deveriam estudar legislação", diz Marinho sobre ideias que mudariam seguro-desemprego