Novo Refis seria incentivo a quem não paga débitos, avalia Receita

Na discussão sobre a abertura de novo Refis, programa de parcelamento de débitos tributários do setor produtivo com a União, a Receita Federal tem usado números que mostram que a maioria dos contribuintes é excluída dos programas por inadimplência ou por incluir a dívida já negociada em novo parcelamento.

A Receita não apoia a abertura de um novo Refis, por avaliar que a medida seria um incentivo, ou até mesmo uma espécie de prêmio, às empresas que deixam de pagar seus débitos. Mas há técnicos dentro do governo que entendem que, embora o programa não traga resultados do ponto de vista da arrecadação, pode contribuir politicamente para melhorar a confiança dos empresários em um momento de fraqueza dos dados econômicos.

Em estudo divulgado no meio deste ano, o Fisco informou que 33,08% do total de contribuintes que aderiram ao Refis da Crise (11.941, de 2009) haviam sido excluídos do programa. Outros 47,25% haviam liquidado a dívida e 19,67% estavam ativos. Em relação ao Refis lançado em 2000, 90,92% dos contribuintes foram excluídos e apenas 6,81% tinham quitado os débitos até o meio do ano.

Em valores, no caso do Refis da Crise de 2009, o índice de exclusão foi de 39,1% e o de liquidação, de 23,9%, enquanto 37% permaneciam ativos no meio do ano. Com referência ao Refis de 2000 o percentual de exclusão foi de 88,5%. O de liquidação foi de 3,4% e o de contribuintes ativos, 8,1%.

Para técnicos da Receita Federal, embora a exclusão do programa possa ser consequência da migração da dívida para um parcelamento subsequente, os números deixam clara a estratégia dos devedores na rolagem de suas dívidas. Eles pagam parcelas pequenas de seus débitos, por um longo período, recebem a certidão negativa perante a Fazenda Nacional e, então, voltam a ser inadimplentes.

No Refis da Crise, em 2009, por exemplo, segundo estudo do Fisco, os optantes pagaram uma parcela mínima de R$ 100 por um longo período, tiveram direito à certidão negativa até a ocorrência da etapa de consolidação dos débitos, em julho de 2011. Nessa fase, metade das opções foi cancelada por irregularidades dos pagamentos mínimos. Além de ineficaz, o parcelamento gerou concorrência desleal, com falsa regularidade fiscal, concluiu o estudo.

O documento ressalta que cerca de 20% dos contribuintes que consolidam as contas nos programas de parcelamento especial são excluídos por inadimplência nos primeiros processamentos de exclusão. Para o gerente-executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, o governo não pode deixar de melhorar as condições de quitação de dívidas para o conjunto das empresas brasileiras em função de um grupo que não honra os compromissos.

A seu ver, não se pode colocar todas as companhias “no mesmo saco” e jogar fora o seu potencial. “O ganho são as empresas que usam o programa para se recuperar e voltar à normalidade”, disse Castelo Branco. Segundo ele, as empresas brasileiras, hoje, vivem momento de fragilidade financeira tão grande quanto em 2008.

Fonte: Valor Econômico

Compartilhe:

Leia mais
geração de empregos recorde em fevereiro
Procurador denuncia "pejotização" como forma de burlar direitos trabalhistas
csb centrais sindicais com ministro maurcio godinho tst
Centrais entregam agenda jurídica do movimento sindical ao vice-presidente do TST
csb menor (40)
Desigualdade de renda no Brasil é a menor desde 2012, aponta IBGE
csb menor (1)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 6 – Trabalhadores e o meio ambiente; íntegra
ministro do trabalho luiz marinho em audiencia na camara
Ministro do Trabalho defende fim da escala 6x1 e jornada de 40 horas em audiência na Câmara
csb menor (2)
Centrais apresentam pauta prioritária e agenda legislativa em reunião no Congresso
painel 5 encontro executiva nacional csb 2025
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 5 – Agenda parlamentar sindical; assista
painel negociação coletiva
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 4 – Práticas antissindicais; assista
csb menor (39)
Encontro Executiva Nacional CSB 2025: painel 3 – Negociação Coletiva; assista
csb menor (38)
Centrais sindicais protestam contra juros altos em dia de mais uma reunião do Copom