Neoliberalismo econômico no Brasil aumenta desigualdade social

Investimentos bancários dos mais ricos mostra a discrepância social presente no país, agravando o desemprego e salário sem aumentos

A adoção de uma política econômica neoliberal por governos de 2015 em diante tem contribuído muito para a ascensão dos mais ricos e agravando as dificuldades financeiras dos mais pobres e o motivo é claro: o desemprego em alta permite que o país continue desenvolvendo, porém sem que a inflação acompanhe o mesmo ritmo.

As evidências desse quadro podem ser vistas a partir da quantidade de aplicação feitas pelo mais ricos em comparação com a evolução do mercado de trabalho, dados desse comparativo foram apresentados no Conselho Federal de Economia (Cofecon), no dia 2 de agosto, pelo economista Fernando Nogueira da Costa, ex-diretor da Caixa Econômica Federal.

Em 2015 no serviço de private banking, prestado pelo banco somente às pessoas com alto poder monetário tinham 109 mil associados e em média 6,4 milhões de Reais por cada, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 4 anos depois os números subiram para 123 mil clientes e 9,3 milhões de Reais por pessoa.

Os milionários viram suas riquezas aumentarem em 45%, enquanto para o grupo nomeado como “classe média alta” por Costa, teve um crescimento de 31% em seus rendimentos, em 2015 as 3,1 milhões de pessoas tinham 158 mil Reais cada e em maio de 2019 subiu para 4,2 milhões de clientes com 208 mil em investimentos pessoais segundo a Anbima.

Por outro lado, o outro grupo definido por Costa como “classe média baixa” que somavam 6,2 milhões de pessoas e cada uma tinha investimento de 45 mil Reais em média, em 2019 essas mesmas pessoas tiveram uma perda de 20% em suas riquezas, terminando com 8 milhões de pessoas e 37 mil Reais cada.

O cenário atual começou a ser desenhado em 2014, quando Joaquim Levy assumiu o ministério da Fazenda, seguido de Henrique Meirelles em 2016, nomeado por Michel Temer, nessa época houve um volume intenso de corte de gastos públicos e privatizações, que foram reforçados pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes, no Governo de Jair Bolsonaro. O três tem algo em comum que é aliar o salário baixo e desemprego alto, sendo que em cinco anos a renda dos trabalhadores, que somam por volta de 93 milhões de pessoas, quase não se mexeu – em 2014 a renda média era de 2.290 Reais, em 2016 2.227 Reais e em 2019 2.321 Reais.

Já o desemprego no país era de 6,5% quando Levy era ministro, 11,2% quando Meirelles assumiu, 11,6% na chegada de Paulo Guedes e nos dias de hoje está em 12% (12,8 milhões). Muitas pessoas nesse período desistiram de procurar emprego, somando 4,9 milhões de pessoas.

Para as classes mais baixas o neoliberalismo é uma questão muito complicada de lidar, segundo Costa, dados mais detalhados evidencia ainda mais a desigualdade brasileira.

Banco com lucro recorde

Apesar do quadro de desemprego e dificuldade financeira entre as “classe média baixa” e pobres em geral, a agenda neoliberal proporcionou novos números aos bancos. Itaú anunciou lucro recorde de 25 bilhões de Reais em 2018 e mais uma fortuna em ganhos do primeiro semestre, de 13 bilhões de Reais. O novo resultado foi comentando por seu presidente, Cândido Bracher, que diz nunca ter visto uma situação macroeconômica tão boa.

Texto adaptado por Clara Vives
Fonte: Carta Capital – Andre Barracal
Link: https://www.cartacapital.com.br/economia/brasil-neoliberal-ve-fortuna-de-ricos-crescer-e-salario-de-pobres-estagnar/?utm_campaign=newsletter_rd_-_07082019&utm_medium=email&utm_source=RD+Station

Compartilhe:

Leia mais
jorge kajuru inegibilidade trabalho escravo
Projeto de lei propõe inegibilidade de quem estiver na Lista Suja do Trabalho Escravo
Declaração Imposto de Renda 2025
Declaração do Imposto de Renda 2025 passará por mudanças, anuncia Receita Federal; saiba
Antonio Neto e Lula lançamento crédito do trabalhador
CSB acompanha lançamento do "Crédito do Trabalhador", nova modalidade de consignado
reunião centrais marinho e macedo 12-03-25
Centrais sindicais se reúnem com ministros Luiz Marinho e Márcio Macêdo em Brasília
juros consignado clt
Trabalhadores CLT pagam mais juros no consignado que servidores e aposentados
crise saúde mental mulheres afastamentos
Afastamentos relacionados à saúde mental crescem 68% em um ano; mulheres são maioria
semana 4 dias de trabalho aumento produtividade
Produtividade aumenta em empresas que adotaram semana de 4 dias de trabalho no Brasil
IRPF 2025
Imposto de Renda 2025: confira tabela, prazos e quem precisa fazer a declaração
regulamentação trabalho aplicativos união europeia
União Europeia: o trabalho em plataformas digitais exige regulação, por Clemente Ganz
processos justiça trabalhista
Sobre números e narrativas na Justiça Trabalhista, por Guilherme Guimarães Feliciano