Palestrante da cerimônia de abertura, ex-ministro apresentou seu plano de desenvolvimento nacional
O ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes defendeu nesta terça-feira (11), durante a abertura do 1º Congresso da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) em Goiás, na cidade de Goiânia, a importância de um Estado forte na retomada do crescimento econômico, capaz de criar um projeto político para empoderar a indústria nacional frente ao exterior, e a necessidade de corrigir distorções de juros na inflação e deflação.
“Não é o mercado que vai tomar essa posição de equacionar os desafios do desenvolvimento.” De acordo com o palestrante, também professor e estudioso do desenvolvimento do País, há anos o Brasil está rendido a um modelo de “câmbio flutuante, com superávit primário mastodôntico e inflação pré-determinada”, observou. Para Ciro, há muito tempo o Brasil deixou de assumir o compromisso de crescer e se resumiu a produzir excedentes.
Sua maior crítica é que “a sociedade brasileira se intoxicou de juros”, e que vem financiando esse modelo com especulações. “Em todo o mundo, a taxa de juros é negativa, aqui ela é muito alta. Nos Estados Unidos, um cartão de crédito custa 4% de juro ao ano, no Brasil o financiamento é de 540% no mesmo período.”
Modelo patrimonialista
Ciro refez uma linha do tempo desde a criação do País, passando sobre suas principais crises, até os dias atuais. Ele lembrou que a cultura do desapreço pelo trabalho como valor social vem de uma cultura escravista. “O Brasil foi último país a acabar com a escravidão.”
Também pontuou que o Brasil travou uma luta medieval pela terra como acúmulo de riqueza, e não um modelo de produção. E refez a trajetória de escolhas econômicas que abriram mão, em diversos momentos da história, de fortalecer a produção nacional. Esse foi o caso do Pós-Guerra. Naquele tempo o Brasil importou milhares de enxadas e foices, num momento em que se almejava libertar o País da economia primária.
Ciro questionou, no entanto, o fato de que o Brasil é uma nação dada ao fracasso. “Saímos do nada e viramos a 15ª nação do mundo em 35 anos. Porém esse processo produziu a mais brutal concentração de renda do mundo. No Brasil, 82% das pessoas vivem no meio urbano e 18% no campo. E 5% do povo têm 40% da riqueza do País”.