Para o economista, governo caminha na direção certa e crescimento será maior no segundo semestre
O ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, defendeu as medidas que vêm sendo tomadas pelo governo federal para proteger a economia e a trajetória de redução dos juros. O economista participou do Seminário de Pautas do Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd), no último dia 24. O evento abre as discussões para a negociação coletiva da categoria.
Segundo Delfim Netto, o governo está no caminho certo para proteger a atividade econômica e a manutenção do emprego no país. “Existe sim uma guerra monetária e cambial. O Brasil está tomando medidas em legítima defesa. Se não fizermos isso, vamos reduzir a oferta de emprego e a atividade aqui dentro. […] As medidas de proteção foram tomadas contra 60 ou 70 países, mas temos 169 países tomando medidas contra nós, de forma que o saldo ainda é ao nosso favor. Estamos fazendo as coisas caminharem na direção certa. Nada de precipitação, porque o que nós queremos é que o emprego se mantenha razoável”, afirmou.
Em relação aos juros, ele ressaltou que mesmo com a trajetória de queda, o Brasil continua sendo o país mais atraente para investimentos estrangeiros. “O Brasil foi durante 20 anos um peru com farofa disponível no mercado financeiro. Nós pagamos a maior taxa de juros que o mundo já viu. Ainda hoje é muito seguro para um estrangeiro investir aqui. Porque, mesmo a taxa real de juros estando em 2%, no resto no mundo essa taxa é de -2%. Uma diferença de 4%. Como nós estamos com a política cambial relativamente estável e sabemos que o câmbio não terá variação relevante nos próximos três meses, não há nenhum outro investimento no mundo tão seguro quanto no Brasil”.
O economista fez uma crítica à especulação e a relacionou com a crise internacional. “Com a crise, o sistema financeiro está incomodado porque descobriu que vai ter que ganhar a vida honestamente”, afirmou.
Crescimento e Inflação
O ex-ministro também reiterou que o crescimento do PIB e a inflação no país seguem a tendência mundial. “De 2007 em diante, tivemos realmente uma crise. Todos os países diminuíram seu crescimento, inclusive a China. O Brasil se recuperou com razoável rapidez e todos estão crescendo muito menos em 2012. A inflação também sofre interferência do mercado mundial”.
De acordo com ele, excluindo a variação do IPCA dos alimentos, a inflação brasileira do acumulado de 12 meses é de 4,3%, um pouco abaixo das economias emergentes e acima das desenvolvidas. “A sazonalidade varia o custo dos alimentos, o que puxa a nossa inflação. O alimento sofre com a flutuação da agricultura, com a falta de algum tipo de produto durante um período. Mas isso é logo absorvido quando essa escassez deixa de existir. Sem os alimentos, a inflação está caminhando dentro da faixa”.
Para os dois últimos trimestres do ano, Delfim Netto prevê que o crescimento será mais significativo do que no primeiro semestre, quando o PIB atingiu apenas 0,6%. “Estou imaginando que no terceiro trimestre o PIB vai crescer 1,2% em relação ao segundo. A coisa está começando a subir, respondendo às políticas de estímulo. Ou seja, o crescimento no ano vai ser entre 1,6% ou 1,7%. Mas o importante é que quando chegar em dezembro, nós vamos estar crescendo, comparado com dezembro do ano passado, em torno de 3,3%. Vamos terminar 2013 crescendo em torno de 4%, um crescimento bastante razoável “.
Fonte: Sindpd