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Maioria dos americanos apoia imposto sobre fortunas, indica pesquisa

Maioria dos americanos apoia imposto sobre fortunas, indica pesquisa

A ideia de impostos sobre fortunas dos americanos mais ricos suscitou pontos de vista acentuadamente diferentes em todo o espectro político, com o presidente Donald Trump classificando a ideia como “socialista” e os pré-candidatos presidenciais democratas Elizabeth Warren e Bernie Sanders apoiando uma possível taxação.

Mas a ideia parece ter mais apoio na população. De acordo com uma pesquisa de opinião Reuters/Ipsos, quase dois terços dos entrevistados concordam que os ricos devem pagar mais.

Entre os 4.441 entrevistados da pesquisa, 64% acreditam totalmente ou parcialmente que “os ricos devem contribuir uma quantia extra de suas riquezas totais todos os anos para apoiar programas públicos” — a essência de um imposto sobre grandes fortunas. Resultados foram similares entre gêneros, raças e rendas domiciliares. Embora o apoio entre democratas tenha sido mais forte, chegando a 77%, a maioria dos republicanos, 53%, também concordou com a ideia.

Um imposto sobre a riqueza é cobrado sobre o patrimônio líquido de um indivíduo, como ações, títulos e imóveis, assim como reservas de caixa, semelhante, na teoria, aos impostos sobre propriedades. O imposto seria separado do imposto de renda, que se aplica aos salários, juros e dividendos, entre outras fontes.

Perguntados na pesquisa se “os ricos deveriam ter permissão de manter o dinheiro que tem, mesmo que isso signifique aumentar a desigualdade”, 54% dos entrevistados discordaram.

— Os ricos têm direito de gastar dinheiro com Lamborghinis e lanchas ou o que for — disse Esin Zimmerman, republicana de 53 anos de Minnesota, que quer impostos mais altos sobre fortunas. — Mas o dinheiro poderia ser usado de outras maneiras para ajudar pessoas.

Zimmerman disse ser especialmente a favor de um imposto sobre fortunas que ajude a financiar programas do governo para veteranos militares, ou que ajudem pais solteiros com crianças pequenas. Ela também afirmou que este dinheiro “poderia erguer o muro“, em referência à barreira que o presidente Donald Trump deseja construir na fronteira com o México.

Os resultados podem ajudar a entender como as mudanças econômicas dos últimos 20 anos, da globalização à crise financeira, moldaram atitudes relacionadas às políticas econômicas.

De acordo com pesquisas da Gallup, preocupações sobre os ricos pagando muito pouco caíram durante a década de 1990 e o início dos anos 2000, um período de relativo crescimento para os EUA. Mas preocupações têm aumentado desde aos anos de crise de 2007 a 2009, de 55% para mais de 60%, em 2016.

Os resultados da pesquisa Reuters/Ipsos sugerem um apoio ainda mais forte para um imposto anual sobre a fortuna total, não apenas a renda. Warren e Sanders sugeriram a ideia como uma maneira de financiar programas de saúde pública e reverter um crescimento na riqueza possuída pelos americanos mais ricos, conhecidos como os “1%”.

A pesquisa também aponta para uma mudança de atitude em relação às ideias básicas como “guardar o que você ganha”. Essa noção, teve respostas mistas. Enquanto 56% dos republicanos concordaram que os ricos deveriam guardar o que têm, independentemente do impacto sobre desigualdade, 35% discordaram desta afirmação, assim como 71% dos democratas.

Os entrevistados republicanos disseram não ver conflitos entre o apoio a um imposto sobre fortunas e o apoio aos ideias partidários, ou ao presidente Trump.

No últimos anos, instituições econômicas como o Fundo Monetário Internacional e o Federal Reserve, o sistema de bancos centrais dos EUA, levaram à sério a possibilidade de que altos níveis de fortunas e desigualdade de renda podem não ser apenas corrosivos no âmbito político, mas também podem ser ruins para o crescimento econômico.

Fonte: O Globo
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