O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) fez 1 pronunciamento na abertura da sessão desta 3ª feira (26.mai.2020). No plenário, ele falou em preservar a democracia e mandou recados ao presidente da República, Jair Bolsonaro.
“É preciso ter claro: a quarentena, o isolamento social, não são os culpados por derrubar a economia. Quem derruba a economia é o vírus. O distanciamento social momentâneo entre as pessoas salva vidas”, declarou Maia. O deputado leu o discurso. Eis a íntegra (78 KB).
Enquanto ele defende o isolamento, Bolsonaro quer que as pessoas voltem ao trabalho. O chefe do Planalto costuma dizer que o combate à pandemia não deve criar 1 problema econômico pior que o de saúde.
“Nosso grande desafio é derrotar o coronavírus, vencer a gravíssima crise social e econômica que está à nossa frente, preservando nossa democracia. Repito, preservando a nossa democracia“, disse o presidente da Câmara.
A palavra “democracia” aparece 7 vezes no pronunciamento. No total, foram 1.274 palavras, contando as boas vindas e os agradecimentos.
O presidente da Câmara enumerou projetos aprovados pelo Legislativo para combater a pandemia, como o auxílio emergencial de R$ 600 e o crédito para pequenas empresas bancarem suas folhas de pagamento durante a crise. “Esse auxílio financeiro ainda não chegou na ponta”, afirmou o deputado.
Rodrigo Maia diz que os congressistas ainda têm muito o que fazer. “Armandos do espírito de resiliência e da capacidade de trabalho do nosso povo, havemos de conseguir”, declarou. E continuou:
“Essas, aliás, são as únicas armas que nós, brasileiros, devemos portar: a fé na capacidade de trabalho, na força de vontade para enfrentar e vencer obstáculos e na crença na justiça de nosso regramento institucional”, afirmou Rodrigo Maia.
Jair Bolsonaro defende o armamento da população. Na reunião de ministros cuja gravação foi divulgada pelo STF na 6ª feira (22.mai.2020), o presidente diz que ampliar o acesso às armas é importante para as pessoas poderem impedir que uma eventual ditadura seja instalada.
“É imprescindível cuidar da relação harmoniosa e independente entre os Poderes da República. É isso o que nos ordena a Constituição. A Constituição e a preservação da democracia exigem esforços diários, vigilância intensa e transparência”, disse Maia no pronunciamento.
O presidente da República tem comparecido a atos em Brasília que atacam Congresso e STF (Supremo Tribunal Federal). Bolsonaro, porém, nega endossar manifestações de cunho autoritário. Afirma defender a democracia.
“As senhoras e os senhores ministros do STF sabem que este Parlamento respeita e cumpre as decisões judiciais, mesmo quando delas discorda. É isso o que determina a Carta Constitucional, e todos juramos respeitá-la”, afirmou Rodrigo Maia.
Também na 6ª feira (22.mai.2020), o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, falou em “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional” caso o celular de Jair Bolsonaro fosse apreendido para perícia. Mais cedo, o ministro do STF Celso de Mello encaminhou à PGR (Procuradoria Geral da República) pedido de partidos de esquerda para periciar o aparelho. O ministro apenas seguiu o procedimento formal.
Rodrigo Maia também se referiu à imprensa:
“Importante frisar, ainda, que temos mantido com a imprensa uma relação constante construtiva, recebendo as críticas e análises com humildade, porque todos sabemos o importantíssimo papel da imprensa livre, e dos profissionais de imprensa, na consolidação da democracia”.
Jair Bolsonaro tem uma relação de atritos com a imprensa, e já mandou repórter “calar a boca”. Na 2ª feira (25.mai.2020), na porta do Palácio da Alvorada, apoiadores do presidente hostilizaram os jornalistas presentes.
Rodrigo Maia também disse que tem bom diálogo com ministros do governo. E afirmou que foi bem recebido por Bolsonaro no Palácio do Planalto em reunião ocorrida no começo deste mês.
MAIS RECADOS
Na 2ª feira (26.mai.2020), o ministro Luís Roberto Barroso tomou posse como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e, em seu discurso, deu recados similares aos de Rodrigo Maia.
“Precisamos armar o povo com educação, cultura e ciência”, afirmou Barroso.
Ele, que também é ministro do STF, disse ainda o seguinte:
“Como qualquer instituição em uma democracia, o Supremo está sujeito à crítica pública e deve estar aberto ao sentimento da sociedade. Cabe lembrar, porém, que o ataque destrutivo às instituições a pretexto de salvá-las, depurá-las ou expurgá-las já nos trouxe duas longas ditadura na República. São feridas profundas da nossa história que ninguém há de querer reabrir. Precisamos de denominadores comuns e patrióticos. Pontes, e não muros. Diálogo em vez de confronto”.