Marinho critica reforma trabalhista: “Terceirização é gêmea do trabalho escravo”

Luiz Marinho critica reforma trabalhista – Durante participação na Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (12), o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, criticou a reforma trabalhista de 2017 e classificou a lei da terceirização em vigor como “irmã gêmea do trabalho escravo”.

“Criou-se a possibilidade de que vale tudo e pode tudo”, disse ao comentar a reforma aprovada durante o governo de Michel Temer. Para Marinho, a mudança na legislação trabalhista foi uma “tragédia” e um “retrocesso”.

No entanto, o ministro afirmou que o atual governo não pretende revogar a reforma, mas considera rever alguns pontos do texto, sem especificar quais.

“Nós não somos o governo do canetaço, revogação. Nós queremos contribuir no diálogo. O governo deseja menor intervenção e mais negociação”, falou.

Trabalhadores em aplicativos

A reforma trabalhista e a lei da terceirização entraram na pauta em meio à discussão sobre como garantir proteção aos trabalhadores em aplicativos como Uber e Ifood.

Ainda durante a campanha presidencial, Lula prometeu que criaria formas de garantir os direitos desses trabalhadores. Marinho disse que o governo está estudando as formas de fazer isso e falou novamente sobre uma “cesta de possibilidades” e não apenas um mecanismo único para fazer a regulamentação.

“Não é uma coisa simples falar do enquadramento econômico das novas atividades que as novas tecnologias trazem, que os novos mecanismos, que a evolução traz para os desafios do mercado de trabalho”, contou.

Para o ministro, há um “viés ideológico” na ideia de que esses trabalhadores não desejam se formalizar. Segundo contou, quando questionados sobre o que desejam de melhorias em suas condições de trabalho, eles respondem:

“Eu quero previdência social, eu quero 13º, eu quero férias, eu quero descanso semanal”, relatou Marinho. “Ele está desejando, portanto, a CLT”, argumentou.

Ele argumentou ainda que essa suposta rejeição à CLT faz parte de um debate “ultraneoliberal” que dominou o país nos últimos anos.

“Houve, na história recente do país, uma verdadeira pregação contra o trabalho formal. Houve aqui uma verdadeira pregação pela informalidade”, afirmou.

Após gerar polêmica ao dizer que não teme que empresas como Uber saiam do país se houver regulamentação do trabalho, o ministro voltou a defender sua posição.

“Dizer que é legal um trabalhador ter que trabalhar 16h por dia no trânsito para poder ter condição de levar alguma coisa para casa para sustentar seus filhos, isso beira o trabalho escravo pelo excesso de jornada.”

De acordo com ele, outras empresas ocuparão o espaço de alguma que decida encerrar suas operações no Brasil.

“Seria bem-vinda alguma empresa que traga um aplicativo e coloque à disposição dos trabalhadores e trabalhadores sem o viés da exploração absurda que o iFood faz, que a Uber faz no Brasil.”

Saque-aniversário do FGTS

Outra polêmica que envolvendo o ministro desde sua posse é sua defesa do fim do saque-aniversário do FGTS. Na sua avaliação, a modalidade distorce o objetivo original do Fundo, de dar suporte ao trabalhador em caso de perder o emprego, além de financiar obras de habitação e saneamento.

Para o ministro, os maiores interessados na manutenção do saque-aniversário são os bancos, no que ele chamou de “farra do sistema financeiro”.

“Hoje, dos R$ 504 bilhões depositados na conta corrente dos correntistas do FGTS, já temos quase R$ 100 bilhões alienados pelos bancos em empréstimos consignados do fundo de garantia a partir do formato de saque-aniversário”, contou.

O assunto dividiu também as centrais sindicais. Por um lado, há quem considere que o saque-aniversário pode ser um importante alívio para o trabalhador. A CSB, por outro lado, concorda com os argumentos de Marinho.

“Não podemos esquecer que o FGTS financia a construção de moradias e obras de saneamento básico, não podemos permitir que isso seja prejudicado pois são áreas que ainda há muito trabalho a se fazer e precisamos garantir esses recursos”, disse o presidente da CSB, Antonio Neto.

Valorização real do salário mínimo

No final da sessão, parlamentares questionaram Marinho sobre as propostas que o governo estuda para implementar uma política permanente de valorização do salário mínimo.

“Ainda não está batido o martelo por parte do governo de qual será. Nós vamos bater isso com o presidente Lula, assim que retornar da China, para a gente sentar na sequência com as centrais sindicais e fazer o formato final.”

Uma das propostas analisadas é a das centrais sindicais, elaborada com apoio técnico do Dieese, que estabelece uma espécie de piso para o crescimento do PIB – que é usado no cálculo – para garantir um aumento real mesmo se crescimento do PIB for inferior ao piso de 2,4%, criando um efeito anticíclico.

Se a proposta das centrais fosse aplicada, o salário mínimo para 2024 seria de R$ 1.469, valor que representa uma valorização real de 5,7%.

Veja a proposta completa: Centrais propõem piso para valorização real do salário mínimo; veja os detalhes

Com informações de: Folha de S.Paulo

Compartilhe:

Leia mais
Protesto servidores Ipsemg
Sindicato dos Servidores do Ipsemg convoca para protesto contra projeto sobre o Instituto
Ministro Carlos Lupi e José Avelino Pereira Sinab CSB
Presidente do Sinab assume posto no Conselho Nacional de Previdência Social
destruição enchente rs auxilio financeiro
Mais de 5,6 mil trabalhadores domésticos no RS podem pedir auxílio financeiro; saiba como
img-inscricao-concurso-publico-vagas-para-ti
Encerram hoje (4/7) inscrições para concurso do Ministério da Gestão; salário de R$ 8,3 mil
reunião tst centrais sindicais
Centrais têm reunião com presidente do TST sobre contribuição assistencial e emprego no RS
APOIO À NOTA TÉCNICA Nº 09 DA CONALIS
Centrais apoiam Nota Técnica da Conalis sobre contribuição assistencial
acordo rodoviários porto alegre trt
Rodoviários de Porto Alegre terão reajuste no salário e no vale-alimentação
Apoio Financeiro RS prorrogado
Governo amplia prazo para empresas do RS aderirem a Apoio Financeiro a funcionários
prodesp descumpre cota jovem aprendiz
Tarcísio promete 60 mil vagas de Jovem Aprendiz, mas Prodesp descumpre cota
Fachada ministério do trabalho
Ministério do Trabalho notifica 1,3 mil sindicatos para atualizar informações; acesse a lista