Levantamento aponta que súmulas do TST não representam favorecimento indiscriminado ao trabalhador

Estudo, divulgado pelo DIAP, foi realizado pelo professor de Direito do Trabalho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Uma das justificativas utilizadas pelos defensores do fim da Justiça do Trabalho, a tese de que há parcialidade aos trabalhadores no Tribunal Superior do Trabalho (TST) foi desmistificada pelo levantamento do procurador do Trabalho do Rio de Janeiro e professor de Direito do Trabalho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rodrigo de Lacerda Carelli.

Segundo os números divulgados pelo DIAP, das 185 súmulas do TST que tratam de direito material, 86 atendem a teses dos empregadores, 89 dão interpretação conforme a Lei ou seguem a tese dos trabalhadores e outras 10 atendem em parte a tese dos dois lados.

O levantamento, que engloba os anos de 2013 a 2015, também indica que menos de 10% dos trabalhadores que deixaram seus empregos entraram com ações trabalhistas. No período, houve 74.836 rescisões de trabalho, enquanto 7.395 ações foram abertas.

Segundo o Justiça em Números do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 46% das ações trabalhistas no Brasil são para cobrar verbas rescisórias.

Outro ponto esclarecido pelo professor é a falácia de que a Justiça do Trabalho só existe no Brasil. Segundo o levantamento, países de primeiro mundo como Inglaterra e Alemanha possuem estruturas parecidas com as do Brasil, enquanto outros como Espanha, França, Bélgica, Itália, Suécia, Noruega e Finlândia também têm justiças especializadas na área trabalhista.

Até nos Estados Unidos existe um Ministério do Trabalho. Chamado de Department of Laber. O órgão tem um orçamento de US$9,7 bilhões. Segundo o professor, o país norte-americano tem uma forte cultura de privilegiar os acordos coletivos e os empresários costumam seguir as leis trabalhistas.

Diante os números, o procurador do trabalho dispara contra os defensores da campanha contra a Justiça do Trabalho.

“Todas as discussões que têm sido travadas desde a Reforma Trabalhista não são baseadas em qualquer dado concreto. Não se comparou com o que acontece em outros países, foram fundamentados apenas em preconceitos ideológicos que geraram fake news ou informações falsas. Com base nisso, foi extinto o Ministério do Trabalho”, disse em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Compartilhe:

Leia mais
4 encontro sindical fespume-es
Federação dos Servidores Municipais do ES (Fespume-ES) realiza 4º Encontro Sindical
aumento emprego entre mulheres
Número de mulheres com carteira assinada aumenta 45% em um ano
nota centrais sindicais contra plano golpista
Nota das centrais sindicais: "União contra o golpismo e pela democracia"
Antonio Neto Sindis
Antonio Neto: Sindicatos devem aproveitar tecnologias e se adaptar para sobreviver
empresa obriga mãe voltar ao trabalho recém-nascido
Empresa é condenada por obrigar mãe a voltar ao trabalho uma semana após dar à luz
semana 4 dias de trabalho aumento produtividade
Empresa aumenta em 20% a produtividade ao adotar semana de 4 dias; Brasil testou modelo
Antonio Neto 3 congresso cspm
3º Congresso da CSPM: Antonio Neto fala sobre necessidade de adaptação dos sindicatos
escala 6x1 prejudica saúde mental
Escala 6x1 prejudica saúde mental e produtividade dos trabalhadores, diz especialista
ministra esther dweck defende estabilidade do servidor público
Estabilidade do servidor é pilar de defesa do Estado, diz Esther Dweck em resposta à Folha
CSB no G20 Social
CSB defende fim da escala 6x1 e proteção aos direitos dos trabalhadores no G20 Social