Brasil tem 3º maior juro real do mundo, e Alckmin critica: “não tem justificativa”

O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira (5) que não faz sentido o Brasil ainda ter uma das maiores taxas de juro real do mundo, mesmo dispondo de fundamentos sólidos na economia.

“Não tem justificativa. Temos a segunda maior taxa de juro real do mundo e só perde para a Rússia, que está em guerra”, disse, na abertura do Congresso Aço Brasil.

Juros no Brasil

O Brasil manteve a segunda posição no ranking de maiores taxas de juros reais do mundo durante anos, mas recentemente foi ultrapassado e ocupa a terceira posição atrás de Rússia e Turquia.

O juro real no Brasil está em 7,36% ao ano, valor inferior ao da Turquia (12,13%) e da Rússia (7,55%), segundo ranking elaborado pelo Portal MoneYou.

Apesar de ter perdido “a prata”, o país segue distante da taxa média de juros entre as 40 economias mais relevantes, que é de 0,67% ao ano. Entre as grandes economias, os EUA estão com juro real de 1,75% ao ano, e a China com 1,15%.

A taxa real de juros é o resultado que se obtém após subtrair da Selic (atualmente em 10,5%) a inflação projetada para os próximos 12 meses, de 3,67%, considerando dados do relatório Boletim Focus do BC.

Quando se considera apenas a taxa básica de juros, o Brasil está na sexta colocação de maior do mundo, abaixo de Turquia (50%), Argentina (40%), Rússia (16%), Colômbia (11,75%) e México (11%), considerando as 40 economias mais representativas.

Crítica de Alckmin

Entre os fundamentos sólidos que não justificam a taxa de juros atual, Alckmin citou as reservas cambiais do Brasil de US$ 370 bilhões, segurança jurídica, enorme mercado consumidor e recorde de exportações.

O vice-presidente destacou também que o governo vai cumprir o arcabouço fiscal. A expectativa é que, ainda neste semestre, ocorra uma redução das taxas de juros norte-americana e a brasileira, o que irá favorecer o crescimento da economia nacional.

“O mercado internacional enfrenta um grande estresse que deve ser passageiro. O Brasil tem a 6ª maior população do mundo, um mercado interno forte, amanhã sai o balanço das exportações de janeiro a julho com recorde. Temos reservas cambiais, e vejo com otimismo que a política fiscal será cumprida. Por isso, não tem razão o Brasil ter a segunda maior taxa de juro real do mundo. Isso atrapalha muito”, afirmou.

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 10,5% ao ano. 

Banco Central ameaça novo aumento

Apesar disso, nesta terça-feira (6) o Copom sinalizou a possibilidade de voltar a aumentar os juros básicos dentre as estratégias consideradas pelo colegiado em futuras reuniões, assim como manter a taxa de juros atuais por um longo tempo, sem qualquer menção a um novo corte.

“O comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”, diz a ata da reunião.

O documento cita os impactos de variáveis como o dólar, além das expectativas de alta da inflação e do cenário externo adverso e incerto.

Segundo o Copom, o desenrolar desse cenário “desafiador”, marcado por projeções mais altas e mais riscos para a inflação, “será particularmente importante para definir os próximos passos de política monetária”.

“Nesse espírito olímpico em que estamos, nos orgulhando de nossos atletas, é seguro dizer que o Banco Central segue empenhado em garantir que o Brasil não perca o lugar no pódio nada honroso de maiores taxas de juros do mundo”, comentou o presidente da CSB, Antonio Neto.

As decisões de juros no Brasil acontecem a cada 45 dias, e são publicadas por meio de um breve comunicado logo após a reunião do Copom. Cerca de quatro dias úteis depois, o Banco Central publica a ata da reunião, com os detalhes do que foi discutido.

Com informações de Folha de S.Paulo e Agência Brasil

Arte: CSB

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