Após perder o emprego com carteira assinada em 2015, Lucas Veríssimo, na época com 20 anos, decidiu montar uma loja virtual e vender roupas e acessórios por um aplicativo de celular. “Procurei diversos meios de faturamento e a venda virtual foi o setor que eu mais me identifiquei naquele momento”, lembra Veríssimo, hoje com 22 anos.
Mas a instabilidade econômica vivida pelo país e as incertezas sobre o futuro fizeram com que o jovem voltasse a optar pela carteira assinada dois anos depois, já em meio ao processo de aprovação da reforma trabalhista. Há três meses ele trabalha como técnico audiovisual em uma faculdade em São Bernardo do Campo (ABC). “Ter registro na carteira profissional me trouxe segurança, pois garante os benefícios previstos na lei”, afirma.
Veríssimo não está sozinho. Um estudo realizado em abril pela consultoria Signium, em parceria com a empresa PiniOn, especializada em pesquisa virtual, com 600 jovens entre 18 e 25 anos, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, mostra que a metade dos entrevistados prefere a segurança da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Quando questionados sobre qual o melhor modelo de trabalho para os próximos dez anos, 50% disseram acreditar que a CLT brasileira é mais adequada. Já 34% preferem as regras americanas, onde há maior flexibilidade, e 17% não acham nenhum dos dois modelos adequados.
Satisfação
Outro ponto da pesquisa que chama a atenção diz respeito sobre a satisfação dos jovens. Cerca de 54% dos paulistas de 18 a 25 anos se veem trabalhando por sete ou mais anos na mesma empresa. Desse total, 59% sonham com o crescimento na carreira. A remuneração fica em segundo lugar, com 50%. “Havendo satisfação pessoal, o retorno financeiro virá”, acredita Veríssimo.
Primeiro registro é comemorado
Jailton Silvino, 20 anos, começou a trabalhar aos 17 na lavoura, em Boquira, interior da Bahia, mas nunca teve carteira de trabalho. No começo deste mês, partiu sozinho para São Paulo e já conseguiu emprego na construção civil. Para assegurar a vaga, foi até o Poupatempo da Sé (região central) para tirar carteira de trabalho. “Agora posso realizar meu sonho de ter um emprego registrado”, diz.
Dulane Sartori, 18 anos, também foi emitir o documento. Morador da Vila Diva (zona leste), ele ainda espera conquistar o primeiro emprego. “Agora será possível comprovar minha futura experiência profissional”, disse, ao pegar o documento.
O número de carteiras emitidas em São Paulo em 2017. Foram 490 mil emissões no primeiro semestre deste ano, contra 550 mil no mesmo período de 2016.
Estabilidade e direitos são atrativos
Jovens entre 18 e 25 anos têm optado pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) devido às garantias previstas no chamado regime celetista, segundo a coordenadora de operações da PiniOn, Talita Castro. “Eles buscam a estabilidade e a segurança que um autônomo já não encontra com tanta facilidade”.
De acordo com o Ministério do Trabalho, com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), mais de 690 mil jovens nessa faixa etária foram admitidos com carteira assinada no primeiro semestre deste ano no Estado de São Paulo.
“O mercado de trabalho para esse grupo está reaquecendo e as oportunidades de emprego estão surgindo”, afirma o coordenador do departamento e identificação e registro profissional no Ministério do Trabalho, Sérgio Barreto.
Fonte: Jornal Agora – Renato Fontes
Foto: Academia Sebrae