Importância do Estado no desenvolvimento econômico é destaque na abertura da Reunião da Executiva da CSB

Clemente Ganz Lúcio, do Dieese, destacou a necessidade de se concentrar os gastos públicos na promoção de políticas sociais e criticou a sanha do rentismo

A Reunião da Executiva da CSB em Brasília, nesta quinta-feira, 8, iniciou com Clemente Ganz Lúcio apresentando a participação do movimento sindical diante do atual cenário político e econômico do País. O sociólogo e diretor técnico do Dieese afirmou que a receita do Estado advém da produção econômica e que não é dada a devida atenção ao gasto público como motor fundamental para o desenvolvimento.

“Tudo o que nós produzimos gera um movimento na economia, que pelas regras gera uma transferência para o Estado. Uma outra transferência é o lucro das empresas e outra para os salários. E existe uma outra transferência que é para os juros, na qual os rentistas se apropriam dessa produção econômica”, explicou.

Sob esta ótica, Ganz Lúcio criticou o sistema de arrecadação regressivo, que faz os mais pobres pagarem mais impostos proporcionalmente que os mais ricos.

Segundo o palestrante, esta estratégia é ineficiente economicamente. “Quando você não tributa o rico, e a receita fica na mão dele, essa receita é estéril para o desenvolvimento porque ela não gera crescimento econômico. Eles depositam na dívida pública, em riqueza patrimonial ou remetem de forma ilegal para o exterior”, criticou.

A estimativa da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) na região é que, por ano, o nível de evasão fiscal, que significa tributo devido pelos ricos e não pago, esteja na ordem de US$ 340 bilhões. Para o sociólogo, tributar os ricos permite extrair essa renda e colocá-la na atividade econômica.

O papel do Estado

_mg_0180Clemente Ganz Lúcio defendeu a importância do gasto social, que do ponto de vista econômico tem uma importância fundamental. “O gasto público na área social gera crescimento no PIB. […] Tem um efeito multiplicador do crescimento muito grande, porque gera demanda e serviços como saúde, educação”, destacou o especialista, reforçando que quando o Estado paga os juros da dívida ao invés de investir em saúde e educação, ele esteriliza o gasto. “Ele não vira crescimento, porque o rico ‘entesoura o gasto’”, completou.

Segundo o sociólogo, é necessária a formação de uma estratégia mais articulada de desenvolvimento pela representação do povo e dos trabalhadores, que será responsável por transformar o Brasil num país desenvolvido.

“A locomotiva dos interesses do capital não é interessante para o Brasil. Se o nosso sentido é desenvolvimento e qualidade de vida e bem-estar social, nós temos que saber qual combinação de atividade econômica e a reação do Estado que gera esse tipo de entendimento”, pontuou.

Ganz Lúcio reflete que “não será com uma política de transferência de renda por meio do rentismo” que o Brasil seguirá na rota do crescimento, porque o sistema financeiro “esteriliza e inviabiliza o nosso desenvolvimento”.

“Não há nenhuma chance de termos uma economia desenvolvida se nós não tivermos um Estado com capacidade de atuar na mobilização, articulação e fomento do desenvolvimento econômico e investimento social. O investimento privado só vem se o Estado for o mobilizador e garantidor da atividade e da demanda econômica a médio e longo prazo”, sentenciou o palestrante.

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Movimento sindical como agente de mudança

Sob a análise do desenvolvimento industrial, Ganz Lúcio discute que é preciso trazer a riqueza das mãos dos empresários para virar investimento. “Está em disputa no Brasil se vamos crescer com capital interno ou externo. Não é possível produzir bem-estar e qualidade de vida se os lucros vão para fora do Brasil”, ressaltou.

Clemente Lúcio também traçou um paralelo com a alegação dos banqueiros, que, mesmo em um cenário de crise brasileira, mantêm lucros exorbitantes –  no primeiro semestre de 2016, chegaram a R$ 30 bilhões.

_mg_0196“O quadro do rentismo não nos ajuda. Precisamos ter no Estado brasileiro capacidade de fazer investimento”, disse. Para o especialista, o papel do movimento sindical cresce e se torna fundamental como agente de transformação desta realidade.

“A grande vantagem das crises é que nesses tipos de crise o movimento sindical cresce. Agora temos que lutar com essa força. Tiramos disso uma força que não conseguimos ver. A crise nos une. A CSB terá papel fundamental na luta pelo crescimento. É preciso ter coração unido à inteligência”, finalizou.

Na abertura do evento, o presidente da CSB, Antonio Neto, deixou claro que os três próximos dias serão de debates e articulações internas da Central em torno desta ótica. “Temos de enfrentar o momento difícil. Vamos debater aqui os rumos de luta que a Central vai definir para garantir a preservação dos direitos dos trabalhadores e para o desenvolvimento do Brasil”, destacou Neto.

Acompanhe no site e no Facebook da CSB a cobertura completa da Reunião da Executiva.

Veja a galeria de fotos da palestra de Clemente Ganz Lúcio

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