Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) criticou ainda a “MP da escravidão” se referindo à Medida Provisória anuncia pelo governo para autorizar empréstimo de trabalhadores entre empresas
O acréscimo de 1,2 milhões de trabalhadores ao exército de desempregos do País, medido pelo IBGE no primeiro trimestre do ano, elevando a taxa para 12,2% e totalizando 12,9 milhões de pessoas, é, infelizmente, uma das ações que o governo Bolsonaro tem a oferecer aos trabalhadores do Brasil neste 1º de Maio, afirma o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e do Sindpd-SP, Antonio Neto.
“Para desespero do nosso povo, esse número não mede ainda o impacto da pandemia do coronavírus no mercado de trabalho, já devemos ter mais de 15% de desempregados e, infelizmente, esse índice poderá atingir mais de 20% no decorrer da pandemia”, lamenta o líder sindical.
Segundo Neto, o governo Bolsonaro representa uma tragédia para os trabalhadores e até para os empresários brasileiros. “O governo adotou uma política econômica que nos levou para o fundo poço. Chegou a crise pandêmica e a maioria das medidas do governo foram para cavar ainda mais o poço. Mais grave: as ações pessoais do presidente da República são devastadoras para afundar o Brasil numa escalada de mortes nunca visto na nossa História, fato que além de ceifar vidas de inocentes, ainda promoverá onda de destruição mais acentuada da economia, quer resultará em quebras e desemprego. Precisamos dar um basta nessa loucura”.
O governo de aproveita da pandemia e destrói os direitos
Em meio caos, o governo federal anuncia uma possível medida provisória que, na opinião do dirigente sindical, é uma afronta aos trabalhadores por tratá-los como propriedade. Nessa semana, o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, anunciou em entrevista à imprensa, que já está no forno a publicação de uma nova medida. Entre outras coisas, ela irá prever o empréstimo ou troca de trabalhadores entre empresas no período da pandemia.
“Trata-se de mais um ingrediente repulsivo do pacote de maldades já anunciadas pelo Governo Bolsonaro, que passa a ter um fator simbólico de como funciona a mente dessa elite escravocrata que compõe o governo, ou seja, que o trabalhador não passa de uma propriedade e pode ser emprestado, trocado ou qualquer outra coisa para manter a sua subsistência mínima e o lucro intacto”, afirma.
As medidas impostas são análogas a escravidão
Segundo Neto, as posições do próprio presidente da República reiteram isso. “Na época da escravidão, as pessoas eram vendidas, hipotecadas, penhoradas e emprestadas. Os escravos eram considerados como acessórios ao imóvel agrícola. É muito revoltante saber que esse tipo de mentalidade passa batido nos dias de atuais e seja tratada como uma medida importante para o enfrentamento da maior pandemia da história recente do Brasil”.
As centrais sindicais realizam nesta sexta-feira o 1º de Maio virtual. O palanque marcado para as 11h30 de hoje, com a presença de figuras de diferentes campos políticos, como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.
A Live do 1º de Maio Solidário foi organizada, de forma unitária, pelas centrais sindicais – CUT, Força, UGT, CTB, CSB, CGTB, Nova Central, Intersindical, Publica -, com o apoio dos movimentos sociais e sob os ideais “Saúde, Emprego e Renda. Em defesa da Democracia. Um novo mundo é possível”
Durante a live, serão alternadas apresentações artísticas com as mensagens e saudações de presidentes das centrais sindicais. Haverão também lideranças dos movimentos sociais, partidos políticos, instituições democráticas, de organismos sindicais internacionais, além de representantes de todas as matrizes religiosas.