Central dos Sindicatos Brasileiros

Globalização e direitos trabalhistas marcam o primeiro dia do Fórum Sindical Brasil-México 2013

Globalização e direitos trabalhistas marcam o primeiro dia do Fórum Sindical Brasil-México 2013

Os debates se concentraram no caráter opressor do neoliberalismo para os trabalhares e na importância do fortalecimento do movimento sindical

No primeiro dia do Fórum Sindical Brasil-México 2013, realizado hoje – 16 de setembro -, no Rio de Janeiro, a globalização, a crise financeira global e suas consequências para os direitos trabalhistas foram os temas principais dos debates, que contaram com a presença de autoridades – como o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) -, dirigentes da CSB e representantes do movimento sindical do México e personalidades mexicanas.

Aldo RebeloApós a abertura oficial do evento, o ministro Aldo Rebelo abriu seu discurso traçando um panorama do processo de globalização desde a antiguidade e as consequências para os trabalhadores, principalmente a globalização econômica, financeira e politica praticada pelos Estados Unidos na América Latina e nos países pobres, o que, segundo ele, fragilizou algumas nações.

Para lutar contra o domínio norte-americano, Aldo Rebelo ressaltou que é preciso transformar a atual agenda de direitos civis presente no Brasil. “Precisamos substituir essa agenda pela coesão de forcas políticas e econômicas para o desenvolvimento do Brasil. Está na hora da agenda da transformação social, pautada pela centralidade da questão nacional, em detrimento do corporativismo”, explicou o ministro.

 A união de forças entre Brasil e México é uma das ferramentas de luta anti-imperialista. “Os dois países, duas civilizações mestiças, fundiram-se a partir de experiências civilizatórias distintas e lutaram pela construção nacional, com desafios e dificuldades. Acredito numa cooperação mais ampla e próxima, até mesmo pelo que nós representamos. Esse evento é uma grande oportunidade para essa cooperação e participação conjunta. Só uma nação soberana pode oferecer garantias aos seus trabalhadores”, destacou Aldo Rebelo.

Debates

O senador Roberto Requião aproveitou o ensejo para enfatizar que a primeira vítima da crise global são os trabalhadores, que têm seus direitos restringidos com a famigerada flexibilização. “Parece haver uma incompatibilidade de origem entre a globalização neoliberal e a manutenção dos direitos trabalhistas e do emprego nos países em desenvolvimento”, argumentou.Roberto Requião

“A defesa dos direitos trabalhistas e do emprego faz parte da grande luta de nossos países pelo desenvolvimento, pela industrialização, pelo avanço tecnológico, pelo estancamento da sangria da remessa de lucro e juros, pela independência, prosperidade, justiça e grandeza de nosso continente”, completou o senador.

Roberto Requião também fez questão de criticar o PL 4330 – que tenta regulamentar a prestação de serviço -, ressaltando que o projeto, se aprovado sem ressalvas, contribuirá para a exploração indecente da mão de obra do trabalhador.

Realidade latino-americana

Antonio Álvarez Sparza, coordenador da delegação mexicana no evento e secretário-geral da Federación Revolucionaria de Obreros y Campesinos de Jalisco, afirmou que o processo de globalização vem avançando, e o cenário no México é de consequências negativas para os trabalhadores. “Vemos o Estado desinteressado, com uma visão centrada no capitalismo”, expôs.

Sparza explicou o sistema previdenciário mexicano, no qual o trabalhador paga seu seguro social para juntar dinheiro e se aposentar. “O governo mexicano trabalha numa legislação de flexibilização dos direitos dos trabalhadores, que perdem seus direitos consolidados”, pontuou. Para ele, a lógica do mercado trouxe a violação dos princípios constitucionais. “Agora, a defesa do trabalhador virou a defesa dos patrões e da pulverização da sociedade”, criticou o secretário.

Mexicanos

O presidente do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSla), Lorenzo Carrasco, destacou que o imperialismo classifica o trabalho como mercadoria, e isso destrói um princípio natural humano.

“Quando defendemos o trabalho, defendemos o principio do direito. Quando isso se banaliza, estamos perdendo o centro do trabalho, ou seja, a dignidade da pessoa. Pensar no trabalho como mercadoria é acabar com o futuro dos jovens”, reforçou Carrasco.

Para o dirigente, defender o trabalho, as organizações sindicais e os direitos adquiridos é defender a própria nacionalidade que se construiu para defender de forma especial a história e o futuro das nações. “Não existe nacionalidade se não defendermos o trabalho humano, suas organizações e direitos adquiridos. Sem isso, a nação desaba”, sentenciou.

Visão da CSB

Luiz Sergio Lopes, vice-presidente da CSB e coordenador do Fórum no Brasil, mediou a mesa de debates e foi o idealizador do evento na capital carioca. O dirigente explicou que ouvir as agruras por que passam Brasil e México, melhorar a visão ideológica dos dirigentes sindicais, unir as lideranças e estimular sua visão participativa são os princípios da realização do encontro.

“Aqui que se formam as sementes desse movimento para evitar que a crise se aprofunde, porque ela nos atinge diretamente. Porque o homem não tem vez nesse sistema, o que tem vez é o capital”, salientou.

Carlos AlbertoPara Carlos Alberto de Azevedo, presidente da Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL), a luta do movimento sindical deve se consolidar diante do cenário de iminente precarização do trabalho.

“Eventos como esse fórum dão um alerta às organizações, não só nas questões políticas e econômicas, mas também nas trabalhistas e sindicais”, esclareceu.

Alvaro Egea, secretário-geral da Central, concorda com a coalizão de forças para a superação frente ao neoliberalismo e à globalização. Ele criticou a indústria predatória presente no Brasil, na qual 13% das roupas usadas no País são importadas, cerca de 600 milhões de peças. “É fundamental encontrarmos um caminho de unidade para fortalecer a nossa economia e reindustrializar o Brasil no novo padrão tecnológico. Não podemos mais assistir a esse processo de destruição da nossa economia”, criticou.

Alvaro Egea

“Devemos lutar para que governo brasileiro faça um equilíbrio entre o capital e o trabalho. Estamos sempre reagindo por meio do movimento sindical para evitar a desnacionalização da economia e garantir os direitos. Temos pela frente uma grande luta, um exercício de cidadania. É o povo que tem de conter esses desmandos, a força do Brasil está no seu povo”, concluiu Luiz Sergio Lopes.

No segundo dia do Fórum Sindical Brasil-México 2013, haverá o painel O neoliberalismo no Brasil e no México: efeitos e estágio atual, com os economistas Carlos Lessa e Marivilia Carrasco, e o coordenador do Fórum de Guadalajara, Ángel Palacios.

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