A paralisação ocorre após os 13 mil funcionários da Volkswagen anunciarem greve por tempo indeterminado
Os funcionários da fábrica da montadora alemã Mercedes-Benz anunciaram greve de 24 horas nesta manhã após a demissão de 244 trabalhadores, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.
A paralisação ocorre após os 13 mil funcionários da Volkswagen anunciarem greve por tempo indeterminado após o anúncio da demissão de 800 funcionários. A ameaça de demissão também ocorre para outros 1.300 trabalhadores da Volkswagen, segundo a entidade de classe, que afirma que a montadora anunciou publicamente sua avaliação de que existem 2.100 excedentes na fábrica.
Com a crise desencadeada pelos protestos, os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, foram chamados ontem ao Palácio do Planalto para discutir o problema com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, mas insistiram na importância de o governo não recuar na decisão de elevar o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI).
A cobrança da alíquota cheia foi retomada em 1° de janeiro e, segundo reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, a equipe econômica avaliou que o novo momento é de ajustes e que é preciso sacrifícios.
O entendimento do governo é que as dificuldades enfrentadas pelas montadoras são similares ao restante da indústria. “É uma conjuntura própria das flutuações em todos os mercados”, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro.
O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, recebeu o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, para uma avaliação do cenário e teve como resposta a garantia de que essa não é uma tendência generalizada do setor.
“Não há nenhuma posição de buscar socorro, nem medida salvadora”, disse Dias sobre um eventual pedido de ajuda do representante da indústria automotiva.
Procurada pela Agência CMA, a assessoria de imprensa da Anfavea informou que Moan não irá se pronunciar hoje e que qualquer comentário sobre o assunto será feito na coletiva de imprensa da entidade, prevista para amanhã, às 11h.
Central condena “chantagem” da VW
Em nota, Central dos Sindicatos Brasileiros diz “defender a luta dos metalúrgicos e critica o abuso das montadoras”.
Segue dizendo que “após a demissão de mais de 800 trabalhadores da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), realizada por meio de telegrama, o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, expôs em nota o desrespeito da montadora com os metalúrgicos e o prejuízo que este processo causa ao país. Para o dirigente, as estratégias da multinacional em busca de benefícios fiscais pode gerar um grave déficit econômico para o Brasil.”
“Conclamamos o governo, a sociedade e, sobretudo, o movimento sindical a dar um basta nesta chantagem”, disse Antonio Neto na nota.
A Volkswagen rompeu o acordo coletivo estabelecido em 2012 com o Sindicato, que teria vigência até 2016. A alegação dada em nota enviada à imprensa pela companhia é de que, após anos de crescimento, a perspectiva para a indústria automobilística era positiva, mas que, apesar do crescimento global do Grupo, houve retração na América do Sul. Na análise da CSB, esta justificativa não é recente e vem sendo aplicada há anos pelas montadoras. A Central argumenta ainda que, ao mesmo tempo em que enviam bilhões de dólares de lucros para o exterior, as empresas, na verdade, fazem chantagem com o governo para obterem mais benefícios, em detrimento da valorização dos profissionais que nelas atuam.
“Após remeterem, nos últimos cinco anos, mais de US$ 16 bilhões de lucros e dividendos para o exterior, levando em conta somente os registros oficiais do BC, as montadoras instaladas no País iniciaram mais uma onda de chantagem contra o governo, a fim de obter novos benefícios fiscais do Estado. Desrespeitando, inclusive, um acordo de estabilidade até 2016, a Volks de São Bernardo do Campo anunciou, na última segunda-feira, a demissão sumária de 800 trabalhadores. Esta prática não é nova, faz parte de uma estratégia há muito conhecida por nós brasileiros. É preciso, porém, destacar que desta vez as montadoras não exigem apenas a renovação da política de redução do IPI, mas também a criação de fundo com recursos do FAT para sustentar ainda mais os seus lucros, possibilitando que o contribuinte financie o sistema de layoff destas empresas, assegurando a regulação administrativa e financeira em momentos de queda da demanda. Ao mesmo tempo em que a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) se solidariza com a luta dos metalúrgicos em greve contra as demissões, conclamamos o governo, a sociedade e, sobretudo, o movimento sindical a dar um basta nesta chantagem, que tem causado prejuízos enormes para o país.”
Com informações da Agência CMA
Fonte: Monitor Mercantil Digital