Na avaliação do presidente da entidade, Jotalune dos Santos, a filiação fortalece a categoria frente às negociações com o governo
A Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (FERAESP) é a mais nova filiada à CSB. Com 52 filiados, a entidade representa 203 sindicatos. Na avaliação do presidente da federação, Jotalune Dias dos Santos, a maior necessidade da categoria é a melhoria das condições de trabalho.
Para o presidente da CSB, Antonio Neto, “é com imenso orgulho” que a Central recebe a FERAESP como entidade filiada. “A federação sempre esteve à frente das lutas do campo com afinco e garra na representação dos trabalhadores de um dos estados mais dinâmicos do País. Ressalto a brilhante atuação do presidente e da direção da entidade. A CSB valoriza o homem do campo e junto com a federação irá representá-lo tanto nas negociações regionais como no Congresso Nacional. É preciso destacar também o Sindicato de Guariba pela busca incansável pelos direitos dos trabalhadores desde os inglórios anos da ditadura militar”, afirmou.
Em entrevista, o presidente da federação falou sobre bandeiras e desafios da categoria, a reforma trabalhista e a importância da filiação à CSB. Confira.
Como é a organização da federação?
Essa federação nasce com a incumbência de organizar os assalariados rurais do estado de São Paulo. É oriunda de um desmembramento de um sistema antigo dos trabalhadores na agricultura que englobava assalariados, pequenos agricultores e ela [a entidade] desmembra, separando só a categoria dos rurais.
Quais são os principais problemas dos trabalhadores rurais?
Estamos no estado mais rico da Federação e ainda temos uma quantidade monstruosa de trabalho informal no setor. Além disso, se tem um fator que é o aceleramento da automatização do campo com novas tecnologias, não tem faltado investimento nesse sentido. Hoje, posso dizer sem sombra de dúvida que nós chegamos a 40% dessa mão de obra empregada no campo do que tínhamos há dez anos. Então, desde o desemprego ao trabalho informal análogo à escravidão, todas essas situações estão presentes no nosso dia a dia. Estamos enfrentando multinacionais na produção do campo, baixos salários, o que não falta é problema nesse sentido.
Como avalia a reforma trabalhista?
A proposta, primeiro, sufoca o movimento sindical financeiramente. Como pano de fundo, vem a retirada de direitos. Por exemplo, hora itinerária, quem trabalha no campo não tem um local fixo onde trabalha, onde pega o ônibus e desce na porta da empresa e vai trabalhar. O trabalho no campo tem uma natureza toda peculiar. Pode começar em um dia em um local, no outro dia em outro local. São pessoas que têm que acordar de madrugada para iniciar sua jornada de trabalho. Com isso, tínhamos e ainda temos o [ganho] da hora a partir do momento que se entra no veículo, disponibilizado pelo patrão, já que não tem cobertura de linha de ônibus normal. A partir do momento da aprovação da reforma, tem um movimento muito forte dessas empresas já para caçar esse direito adquirido ao longo de décadas, no sentido de diminuir ainda mais a remuneração do trabalhador, já que isso se trata entre 13% e 20% do ganho.
Quais são as necessidades urgentes do trabalhador rural?
Primeiro de tudo são melhores condições de trabalho. Nós estamos lidando com o setor internacionalizado na produção de grãos e bioenergia do Brasil, e temos tido um achatamento de forma geral desses trabalhadores. Além disso, a oferta de emprego nesse setor está diminuindo drasticamente com a mecanização do campo. Não que isso seja totalmente ruim. O problema é que todo pessoal que fica não tem nenhum tipo de compensação em termo de melhorias de ganho.
O que representa a filiação à CSB?
O objetivo é o fortalecimento da categoria dentro de uma central atenta para negociações e pressões nacionais. Nós temos a incumbência de fazer essa discussão dos rurais dentro do coletivo de uma central.