Federação avisa: não precisamos de greve para protestar!

Após greve ser declarada ilegal e o ministro Gilmar Mendes autorizar desconto nos salários dos grevistas, categoria garante que manifestações vão continuar

Policiais federais de todo o país ficaram indignados com a notícia de que o ministro Gilmar Mendes, nesta segunda-feira, 17, negou uma reclamação constitucional da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), e autorizou o corte de ponto dos servidores grevistas, por considerar que policial civil é equiparado ao militar, e não deve exercer o direito de greve previsto na Constituição.

Segundo Jones Borges Leal, presidente da Fenapef, “há muitos anos os servidores públicos brasileiros vivem uma insegurança jurídica em relação aos seus direitos trabalhistas, pois o Governo Federal se omite nas suas regulamentações. O risco dessa negativa foi calculado, mas preferimos saber onde pisamos a continuar nesse pântano jurídico de incertezas”.

Nos últimos meses, vários movimentos comandados pela Fenapef evoluíram das antigas greves baseadas somente nas paralisações. Segundo os dirigentes sindicais, já é uma tendência moderna priorizar atos públicos com campanhas criativas, pois é improdutivo paralisar a atividade e prejudicar a população. O foco é protestar de forma cidadã, e conscientizar a sociedade quanto ao sucateamento e péssima gestão da segurança pública brasileira.

Nesse sentido, o movimento dos agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal chamou a atenção da sociedade brasileira com denúncias baseadas em pesquisas e estatísticas oficiais, e com os atos públicos dos elefantes brancos infláveis, policiais enxugando o gelo, pendurar das algemas, leitos e macas de hospital com policiais enfaixados, e até mulas e carroças em frente às unidades da PF.

Segundo o presidente da Fenapef, “a proibição da greve valoriza a opinião de muitos dirigentes, que já opinam contra o movimento paredista. Na visão desses sindicalistas, tudo evolui, e não adianta penalizar o cidadão sem o serviço público, e expor o servidor às retaliações paradoxais de um governo cuja ideologia defende os trabalhadores. O que interessa é conscientizar a opinião pública com argumentos verdadeiros”.

Na opinião da Fenapef, a decisão do ministro Gilmar Mendes, para o governo, poder ser um feitiço que vai se virar contra o feiticeiro. E vários sindicalistas acreditam que a flexibilização do movimento dos policiais federais vai, inclusive, chamar mais servidores para o movimento, pois eventos durante algumas horas do dia vão possibilitar a participação de todos os policiais, sem risco de corte de ponto.

E completa Leal, “se necessário, não faremos mais greves, faremos somente atos públicos de cidadania, com mais denúncias e pesquisas. Agora, sem greve, não há corte de ponto, e certamente haverá maior participação. E chamaremos outros movimentos sociais para se juntarem a nós. Serão atos públicos, não baseados em direito trabalhista, mas no direito de reunião, cláusula pétrea que nenhum tribunal vai negar, garantia fundamental de cidadãos brasileiros que estão cansados do aumento da criminalidade e da violência, da impunidade, e de tanta incompetência na gestão da segurança pública”.

Fonte: Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef)

Compartilhe:

Leia mais
reunião centrais sindicais csb são paulo 2-12-24
Centrais reúnem-se para debater pautas prioritárias do movimento sindical em 2025
governo federal anuncia corte de gastos
Nota da CSB: pacote de cortes tem avanços pontuais, mas traz retrocessos significativos
Previdência combate desigualdade diz ministro Carlos Lupi
Fortalecer a Previdência potencializa combate à desigualdade, diz ministro Carlos Lupi
brasil tem menor índice de desemprego da história
Desemprego no Brasil cai e atinge menor nível da história; número de informais também é recorde
investigação policia federal sobre plano de golpe
Golpe desvendado: investigação da PF combina dados, inteligência e trabalho árduo
Antonio Neto 9 Congresso feraesp1
Ambiente de negociação melhorou, mas ainda há retrocessos, alerta Neto
serpro aposentadoria compulsória
Sindpd-SP denuncia Serpro por aposentadoria compulsória ilegal de trabalhadores
greve pepsico contra escala 6x1
Nota das centrais: todo apoio à greve dos trabalhadores da PepsiCo contra escala 6x1
Antonio Neto e Confederação Trabalhadores Movimentação Mercadorias
CSB recebe Movimentadores de Mercadorias para debater pautas da categoria
30 por cento brasileiros trabalham mais que jornada máxima
32% dos brasileiros trabalham mais do que jornada máxima de 44 horas semanais