Espanha irá testar jornada de trabalho de 4 dias

Projeto-piloto com 200 empresas ganhou força com pandemia

A Espanha pode se tornar um dos primeiros países do mundo a testar uma jornada semanal de trabalho de 4 dias. O governo concordou em lançar um projeto-piloto para empresas interessadas na ideia.

A informação foi confirmada por Iñigo Errejón, presidente do partido de esquerda Más País, que apresentou a proposta.

“Com a semana de trabalho de 4 dias (32 horas), estamos avançando no verdadeiro debate de nossos tempos. A hora chegou”, disse Errejón.

A ideia vem ganhando terreno globalmente. A medida é vista por seus apoiadores como um meio de aumentar a produtividade, melhorar a saúde mental dos trabalhadores e combater as mudanças climáticas.

A proposta vem ganhando adeptos à medida em que a pandemia aguça questões em torno do bem-estar, síndrome de burnout (a síndrome do desgaste profissional) e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

“A Espanha é um dos países em que os trabalhadores dedicam mais horas do que a média europeia. Mas não estamos entre os países mais produtivos”, disse Errejón. “Trabalhar mais horas não significa trabalhar melhor”.

Uma greve de 44 dias em Barcelona, em 1919, fez com que a Espanha se tornasse um dos primeiros países da Europa Ocidental a adotar a jornada de trabalho de 8 horas diárias.

Embora caiba ao governo a divulgação dos detalhes exatos do plano, o Más País informou que propôs um projeto de 3 anos, com orçamento de € 50 milhões, que permitiria às empresas testar o modelo com risco mínimo. Os custos da incursão de uma empresa na semana de trabalho de 4 dias, por exemplo, poderiam ser cobertos em 100% no 1º ano, 50% no 2º e 33% no 3º pelo governo.

O Más País estima que, com esses números, será possível ter cerca de 200 empresas participando, com um total de 3.000 a 6.000 trabalhadores, sem perdas de salários ou empregos.

O projeto pode ter início no 3º trimestre deste ano.

O partido sugeriu que o piloto fosse guiado por um painel de especialistas, que incluiria representantes do governo, sindicatos de trabalhadores e grupos empresariais, que também ajudarão a analisar os resultados.

A ideia enfrentou resistência em algumas áreas. Um dos líderes das principais associações empresariais do país a descreveu como uma“loucura” em um momento no qual o país enfrenta a pior recessão desde a guerra civil.

“Sair dessa crise requer mais trabalho, não menos”, disse Ricardo Mur, da CEOE (Confederación de Empresarios de Aragón), em um fórum realizado em dezembro.

À medida em que a Espanha avança com o projeto, seu progresso está sendo acompanhado de perto pelo Reino Unido e em todo o mundo. Joe Ryle, da campanha britânica 4 Dias da Semana, disse que o grupo está encorajando outros governos a seguir a iniciativa.

“Estamos convocando governos de todo o mundo a seguir o exemplo espanhol para abrir caminho para a semana de trabalho de 4 dias”, afirmou ao The Guardian.

Fonte: Brasil Independente

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