Empresas com apenas um funcionário distribuíram R$ 250 bilhões sem pagar Imposto de Renda

Mais de um quarto dos dividendos atualmente livres de imposto no Brasil são distribuídos por companhias com, no máximo, um empregado. Em 2023, quando o montante total pago em dividendos chegou a R$ 960 bilhões, donos de negócios de “uma pessoa só” transferiram para si mesmos cerca de R$ 250 bilhões sem qualquer cobrança de IR (Imposto de Renda).

Esse levantamento, que identifica “de onde vêm” e “para onde vão” os dividendos, foi produzido pela Receita Federal a partir do cruzamento entre declarações do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) e dados fiscais e contábeis entregues pelas empresas brasileiras.

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As companhias com apenas um funcionário respondem por 30% da amostra analisada. Elas apresentam gastos quase nulos com salários, mas lucratividade média elevada — 31,5% do faturamento. Já os negócios com até cinco empregados representam metade do total de empresas do país e concentram 45% dos dividendos distribuídos a residentes no Brasil.

Projeto em tramitação

Esse alto volume de renda isenta é o foco do projeto que amplia a faixa de isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil e, em contrapartida, cria um imposto mínimo para os mais ricos. A proposta pode, na prática, atingir os dividendos hoje isentos.

Relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), o texto já passou por comissão especial e teve urgência aprovada no plenário. Ele estabelece cobrança de imposto mínimo a partir de R$ 50 mil mensais (cerca de R$ 600 mil por ano) e taxa de 10% para rendas acima de R$ 1,2 milhão anuais. A votação está marcada para esta quarta-feira (1º).

Segundo a Receita, os valores acima de R$ 50 mil mensais representam cerca de metade do bolo de R$ 960 bilhões pagos a sócios e acionistas.

Com informações de Folha de S.Paulo

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