Em reunião do CDES, governo anuncia medidas para tentar superar a crise

O objetivo é injetar R$ 83 bilhões na economia para estimular a atividade do setor produtivo

Durante a posse dos novos membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), hoje, 28, a equipe econômica do governo apresentou uma série de medidas que visam injetar cerca de R$ 83 bilhões na economia. Antonio Neto, presidente da CSB, foi empossado como conselheiro do CDES – leia a matéria da posse aqui.

O anuncio foi feito pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. “Temos que recuperar a economia rapidamente e o desafio imediato é normalizar o estoque de crédito no país. Temos que usar melhor os recursos que já estão disponíveis para usar melhor a liquidez que já existe no sistema bancário”, disse.

Na opinião do presidente da CSB, “toda medida que busca retomar o consumo, estimular o crédito e barrar o desemprego são dignas de aplausos. Creio que o governo tomou uma decisão importante no dia de hoje, sobretudo quando resgata este instrumento [CDES] fundamental para a democracia, para o País e para o diálogo social. Aqui buscamos consensos, caminhos e soluções para as angústias e dificuldades que assolam especialmente o povo mais pobre do nosso País”.

A maior parte do crédito ofertado pelo governo está diretamente ligado ao uso dos recursos do FGTS.  Entre as soluções apresentadas pelo ministro está a utilização de R$ 10 bilhões para o crédito habitacional vindo dos recursos do FGTS. Para investimento em infraestrutura, por meio dos recursos do FI-FGTS, serão mais R$ 22 bilhões em linhas de crédito.

Do total de crédito oferecido pelo governo, R$ 10 bilhões serão destinados ao crédito rural. As pequenas empresas terão R$ 5 bilhões em crédito para capital de giro liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Já para compra de máquinas e equipamentos, a linha de crédito liberada será de R$ 15 bilhões. As empresas exportadores terão uma liberação de R$ 4 bilhões.

“Todas as medidas para a retomada do crescimento que forem positivas, nós da CSB vamos apoiar. Mas, de antemão, já adiantamos que não aceitaremos qualquer proposta que busque restringir ou cortar direitos. Não há a menor necessidade de promovermos reforma na Previdência ou na legislação trabalhista. Além de ser um crime, é o caminho mais rápido para afundar de vez a economia. Lutaremos com todas as nossas forças para barrar isso”, salientou Antonio Neto.

Ironia dos banqueiros

Durante a posse dos novos conselheiros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, chamou a atenção o “pomposo” discurso do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, que, de forma até irônica para muitos, afirmou que a crise é ruim e que todos perdem com ela. “Cada um de nós é protagonista do que o País é hoje. Todos somos perdedores, pois na recessão todo mundo perde. Cada um de nós tem uma pauta própria de como sair do imobilismo. Dentro das pautas de cada um, haverá intenções para uma pauta de convergências. É preciso criar consequências deste encontro para ações compartilhadas. A crise é diferente de todas as outras, mas precisa ser resolvida no curto prazo. No longo prazo, o Brasil sempre será terra de oportunidades pela infindável força de seus trabalhadores”, declarou Trabuco.

A atual política econômica sustentada politicamente pelo capital financeiro, sobretudo pelos bancos Bradesco e Itaú, mostra o contrário. Enquanto o setor produtivo nacional definha,  Bradesco e Itaú não param de apresentar lucros recordes. Um exemplo disso foi o lucro divulgado pelo Bradesco hoje, 28, de R$ 17,190 bilhões em 2015, aumento nominal (sem descontar a inflação) de 13,9% em relação ao ano anterior, quando lucrou R$ 15,089 bilhões.

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