Rodrigo Ávila disse que a reforma da Previdência servirá para o pagamento de juros
As palestras do Congresso de Mato Grosso terminaram com o debate sobre a dívida pública, apresentada por Rodrigo Ávila, economista da Auditoria Cidadã da Dívida, como a maior corrupção legalizada no País. “O interesse na reforma da Previdência é porque é dela que se pode tirar mais dinheiro para a dívida. A PEC de controle de gastos não controla nada, na verdade é uma política para tirar dinheiro da Previdência”, declarou o especialista em Ciências Econômicas pela UFMG.
Números da Auditoria Cidadã revelam que 44% do orçamento da União em 2016 foram gastos com juros e amortizações de uma dívida pública jamais auditada e que, segundo Ávila, consome recursos dezenas de vezes superiores aos das áreas sociais.
De 1995 a 2015, a dívida interna federal cresceu de R$ 86 bilhões para R$ 4 trilhões. “O crescimento da dívida pública nada tem a ver com um suposto excesso de gastos sociais. Na realidade, cortar gastos sociais não leva ao crescimento econômico, mas à recessão, reduzindo a arrecadação e levando a mais cortes de gastos sociais”, contestou o economista.
Rodrigo Ávila apresentou o questionamento: “É necessário juro alto para matar a economia e controlar a inflação?”. Em resposta, o especialista em Ciências Sociais foi categórico. “A inflação no Brasil não guarda relação com a taxa de juros”.
Processo de endividamento
A dívida externa brasileira surgiu nos anos 1970, quando os governos ditatoriais tomaram empréstimos a juros flutuantes. No final desta década, esses juros se multiplicaram por 5. Atualmente, a dívida externa do Brasil chega a US$ 600 bilhões.
Na dívida interna, o palestrante critica o crescimento exorbitante em 22 anos. “Os governos dizem que só com a reforma da Previdência é que vai resolver o problema da dívida”, diz Ávila, emendando com a revelação de que não houve contrapartida social alguma. “Essa dívida não serviu para fazer mais escolas, mais investimentos em estradas, hospitais”, reiterou.
Neste caso, os bancos são os maiores beneficiários, abocanhando 42% do montante total. “Isso não é dívida, é uma artimanha financeira para tirar dinheiro do povo”, lamentou o palestrante.
Estratégias de ação
O representante da Auditoria Cidadã ressaltou a necessidade de participação popular para exigir a auditoria da dívida. “É preciso conhecer a realidade. Sem conhecer esses fatores, viramos presas fáceis dos argumentos do governo”, esclarece. Para ele, a mobilização social e consciente e os núcleos regionais da Auditoria Cidadã são instrumentos eficazes. “A dívida está nas grandes causas dos problemas que nos afligem”, finalizou Rodrigo Ávila.