Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelam que os acidentes de trabalho no Brasil seguem em trajetória ascendente, com aumentos consecutivos desde 2021. Os números, divulgados nesta segunda-feira (28), apontam para um cenário crítico que exige ações urgentes de prevenção.
Entre 2021 e 2024, os registros de acidentes de trabalho subiram consistentemente:
- 12,63% de 2021 para 2022
- 11,91% de 2022 para 2023
- 11,16% de 2023 para 2024
No primeiro semestre de 2025, o aumento foi de 8,98% em relação ao mesmo período de 2024. Embora o ritmo tenha desacelerado, a tendência de alta permanece.
A coordenadora-geral de Fiscalização em Segurança e Saúde no Trabalho, Viviane de Jesus Forte, destacou que a falta de um sistema unificado e a subnotificação dificultam a precisão dos dados.
“No Brasil, a dificuldade de mensurar a quantidade real de acidentes do trabalho decorre, dentre outros fatores, da subnotificação, falta de padronização de procedimentos nas extrações dos dados e ausência de sistema de registro unificado”, explicou.“Existem indícios de que uma parcela significativa das ocorrências registradas como de natureza previdenciária tem, na verdade, origem acidentária”, contou.
Jovens e setores mais atingidos
Os dados revelam um impacto desproporcional entre trabalhadores jovens: um terço (33,63%) das mortes por acidentes típicos de trabalho atinge profissionais com até 34 anos – faixa etária em plena capacidade produtiva. As lesões mais frequentes, muitas vezes em mãos, olhos e membros inferiores, refletem falhas estruturais na gestão de segurança, como a ausência ou uso incorreto de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Setores como construção civil, transporte, saúde e agropecuária aparecem com maior número absoluto de ocorrências, embora especialistas alertem que esses rankings não consideram o tamanho da força de trabalho em cada atividade – o que poderia mudar a análise de risco relativo por setor.
Impacto econômico e social
Os números de 2025 mostram que os acidentes geram consequências graves tanto para trabalhadores quanto para empresas: apenas 25,62% dos casos permitiram a continuidade das atividades sem afastamento. A maioria (62,35%) precisou de licenças de até 15 dias, enquanto 12,03% tiveram afastamentos prolongados – acima de duas semanas.
Esses afastamentos representam perda de produtividade para empregadores e, para os trabalhadores, muitas vezes significam redução de renda (quando há atrasos no INSS) ou sequelas permanentes. Entre as famílias dos jovens falecidos – grupo mais vulnerável segundo as estatísticas -, o impacto inclui desde a perda da renda principal até custos com tratamentos de saúde prolongados.
José de Almeida Jr., coordenador da CANPAT, reforçou a necessidade de fortalecer mecanismos como CIPAs e SESMT, além de melhorar o sistema nacional de registro. Representantes de entidades como MPT, OIT e Fundacentro também participaram do debate, destacando a urgência de políticas preventivas eficazes.
Os dados reforçam a importância de medidas concretas para proteger trabalhadores, especialmente nos setores de maior risco, onde falhas na gestão de segurança ainda são frequentes.
Com informações do Ministério do Trabalho e Emprego
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