Central dos Sindicatos Brasileiros

Direção nacional da CSB conclama mobilização geral em defesa dos direitos trabalhistas

Direção nacional da CSB conclama mobilização geral em defesa dos direitos trabalhistas

Central lutará para impedir os avanços do mercado financeiro no governo, que tendem a prejudicar a classe trabalhadora

Na reunião da Direção Nacional da CSB, realizada nos dias 4 e 5 de fevereiro, em Brasília, a Central convocou os dirigentes a defenderem os direitos trabalhistas e a lutarem contra os avanços e interferência do mercado financeiro no governo.

A CSB manifestou sua posição contrária às duas Medidas Provisórias (MPs 664 e 665), editadas pelo governo no final de 2014, sem qualquer consulta ou discussão prévia com a representação sindical dos trabalhadores que, em nome de “corrigir distorções e fraudes”, atacam e reduzem direitos referentes ao seguro-desemprego, abono salarial (PIS-Pasep), seguro-defeso, auxílio-reclusão, pensões, auxílio-doença e, ainda, estabelece a terceirização da perícia médica para o âmbito das empresas privadas.

As medidas incluídas nas duas MPs prejudicam os trabalhadores ao dificultar o acesso ao seguro-desemprego – com a exigência de 18 meses de trabalho nos 24 meses anteriores à dispensa. “As novas medidas provisórias foram impostas às centrais e aos trabalhadores. A justificativa do governo para implementação das MPs é o mal uso dos benefícios e também contenção dos gastos do governo. Num país em que a rotatividade da mão de obra é intensa, é absurdo criar uma medida dessas”, argumentou Antonio Neto, presidente da CSB. “A presidenta Dilma garantiu na campanha que qualquer mudança que ocorresse nos direitos trabalhistas seriam negociadas com as centrais. O que vemos agora é que parece que a oposição ganhou as eleições”, afirmou.

O presidente também ressaltou que as novas exigências para a pensão por morte penalizam igualmente os trabalhadores. “Enquanto não se mexe nas pensões de alguns “privilegiados”, restringem o valor do benefício em até 50% para trabalhadores de baixa renda”, criticou o presidente.

O secretário-geral da CSB, Alvaro Egea, condenou não só o método utilizado pelo governo federal – que antes havia se comprometido a dialogar previamente eventuais medidas que afetassem a classe trabalhadora – de anunciar de forma unilateral as MPs 664 e 665, bem como o conteúdo dessas medidas, que vão na contramão do compromisso com a manutenção dos direitos trabalhistas. “Na democracia, a hegemonia precisa ser conquistada diariamente. O processo de construção da democracia continua quando se ampliam as políticas que beneficiam o povo, os empresários, banqueiros, e a elite dominante tentam acabar com elas. Temos que estar capacitados politicamente para lutarmos pela ampliação dos direitos trabalhistas e pela manutenção das políticas voltadas para o bem estar social”, disse Egea.

Para José Avelino Pereira (Chinelo), vice-presidente da Central, os trabalhadores não devem pagar o preço do ajuste fiscal. “Em momento algum o governo ofereceu outro setor em sacrifício. Podem trabalhar isso em outras questões, como as grandes fortunas, aumentar a fiscalização aos sonegadores”, avaliou.

Alternativas às MPs 664 e 665

A Central dos Sindicatos Brasileiros irá lutar pela revogação das duas MPs e está disposta a apresentar alternativas para o governo. “Se eles querem acabar com o mau uso do seguro-desemprego, eles podem usar outras formas de controle. Verificar a taxa de rotatividade e criar mecanismos que impeçam as demissões arbitrárias. Regulamentar a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é um dos meios de evitar o uso inadequado do seguro-desemprego. Outro problema é que quem tem menos de um ano de emprego não homologa no sindicato, e é nas demissões com menos de um ano de emprego onde se tem o maior índice de fraudes no benefício”, afirmou Antonio Neto.

Para o presidente, “é evidente que existe uma guerra para impor ao governo federal a política derrotada nas eleições. Vejam que a mídia e os especuladores estão mantendo o governo refém, atacando diariamente, para impor suas posições. Basta vermos os editorias e notícias diárias, afirmando que o Levy é uma ilha num mar de irresponsabilidade. Essa é a tônica. Existem problemas econômicos e problemas no mercado internacional. Sim, existem. Mas o remédio proposto é o mais adequado? Não. Nós já passamos por isso e vimos que não é uma boa solução, esta é a receita para nos remeter ao fundo do poço. Tudo gira em torno da capacidade e da força política para enfrentar o sistema financeiro, que domina todas as instâncias do poder”.

Neto destacou ainda que “o governo só terá força para enfrentar o sistema, se os trabalhadores fizerem pressão, se nós nos mobilizarmos de forma consciente e coerente para cobrar o que é necessário. O ajuste fiscal, o aumento de juros e tributos, o corte de direitos não é benéfico para o Brasil. Ou enfrentamos isso, ou entraremos em estagnação. Vamos sim recuperar a capacidade de crescimento em dois anos, mas teremos dois anos perdidos”.

Outras alternativas apresentadas pela CSB são a redução da jornada de trabalho para 40 horas para todos os trabalhadores e a redução para 30 horas para os trabalhadores da área da saúde. “Nós queremos um espaço para negociação, a CSB irá lutar pelos trabalhadores”, disse o presidente da Central.

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