Cresce cada vez mais a diferença salarial entre CEOs e trabalhadores, aponta pesquisa

Não é segredo que há diferenças salariais entre quem trabalha na base de uma empresa e os executivos de alto escalão da mesma. No entanto, ao descobrirem a dimensão da diferença, assim como outros tratamentos desiguais, os trabalhadores passam a ter uma percepção maior de injustiça, que acarreta em deslealdade e ressentimento. A conclusão é da pesquisa publicada por pesquisadores no “Strategic Management Journal” e divulgada pela “Harvard Business Review”.

O levantamento descreve o sentimento dos trabalhadores injustiçados como “tóxicos para a moral” – o que pode levá-los a denunciar suas empresas para órgãos externos quando elas cometem irregularidades. Desta forma, companhias com maiores diferenças em remuneração e tratamento têm empregados com maior probabilidade de denunciá-las. O estudo também conclui que a chance de denúncia cresce quando os funcionários acreditam que é possível encontrar outro emprego com facilidade.

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Em 2021, o CEO médio de uma das 350 maiores empresas dos EUA recebeu salário de US$ 27,8 milhões, um crescimento de 1.460% desde 1978. No mesmo período, o salário médio dos funcionários aumentou apenas 18,1%, de acordo com um outro estudo. A diferença entre os salários médios dos CEOs e dos funcionários tem crescido cada vez mais ao longo do tempo, de acordo com levantamento dos mesmos pesquisadores, representando 20 para 1 em 1965; 59 para 1 em 1989; 366 para 1 em 2020; e 399 para 1 em 2021.

A partir da metodologia da Morgan Stanley Capital International (MSCI), os pesquisadores também identificaram o tratamento das empresas com diferentes funcionários. Um dos exemplos citado por eles no artigo foi a Amazon, que é reconhecida por ter um excelente atendimento ao cliente, mas, ao mesmo tempo, é uma empresa que tem diversas críticas e denúncias severas por más condições de trabalho nos depósitos.

“Considerem aceitar um corte salarial [para o alto escalão] e equilibrar o tratamento com as partes interessadas”, aconselham os estudiosos. Para eles, dessa forma pode-se promover a confiança e a lealdade dos funcionários, assim como um ambiente organizacional mais justo, equitativo e sustentável. “Fazer isso não é apenas uma questão de ética, mas também uma estratégia”, diz o artigo publicado.

Os pesquisadores ainda ressaltam que apesar da dificuldade de garantir um tratamento justo dos prestadores de serviço (terceirizados), é preciso encontrar um equilíbrio entre as prioridades das partes. Eles também sugerem um maior controle estatal dos salários exorbitantes por meio de uma política tributária eficaz.

“Outro incentivo pode ser introduzido através da redução de impostos para empresas que tratam melhor seus funcionários. Se o salário médio deles for aumentado substancialmente, cortes de impostos podem ser fornecidos para incentivar as empresas”, finalizam os pesquisadores.

Com informações de Valor Econômico

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